Folha de S.Paulo

Os tucanos, representa­dos por João Leite, foram os adversário­s do prefeito em uma

- CAROLINA LINHARES

DE BELO HORIZONTE

Eleito com o slogan “chega de político”, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), afirma, após cem dias de governo, que “não sabia que era tão político”. O empresário e ex-presidente do Atlético Mineiro foi a Brasília pedir verba e costurou pessoalmen­te uma base após derrota na Câmara Municipal.

Kalil continua, porém, se diferencia­ndo como “novo”. “Há uma nova mentalidad­e de não distribuiç­ão de cargos. Isso é o que vai colar no Brasil daqui pra frente”, diz à Folha. “Quem brincar com dinheiro no poder público agora vai ficar sem ele.”

Com uma reforma administra­tiva a ser enviada à Câmara neste mês, que prevê corte de secretaria­s e de cargos comissiona­dos, Kalil foi questionad­o por gastar R$ 39.850 para fretar um voo a Brasília em março —a despesa foi publicada no Diário Oficial.

Com o presidente Michel Temer (PMDB) e com a bancada mineira, falou sobre reativar o aeroporto da Pampulha e acertou recursos para o Hospital do Barreiro.

Kalil disse ter recorrido ao jato porque a agenda surgiu na última hora. “O importante é o seguinte: esse tipo caipira nós não somos mais. O mineiro tem isso. Acha que o prefeito de Belo Horizonte não pode fretar um avião. O prefeito da terceira capital do país tem um problema pra resolver, abre uma agenda com o presidente da República e tem que ir para o aeroporto ver se tem horário de voo.”

Kalil promete entrar na briga entre o governo de Minas Gerais, de Fernando Pimentel (PT), e o governo federal por ao menos R$ 87 bilhões em ressarcime­nto pela Lei Kandir. Os municípios têm direito a 25% do montante, e o prefeito calcula em R$ 10 bilhões a parte de BH, quase o Orçamento anual da cidade.

“Com o Estado em calamidade financeira, não tem hora melhor para a federação resolver o problema pagando o que deve. Enquanto todos pegaram royalties do petróleo, fizeram mundos e fundos e hoje estão falidos, tiraram o dinheiro de Minas”, diz.

Disputar o governo de Minas está fora de cogitação — tentar reeleição, nem tanto. Kalil diz que é cedo para pensar em quem apoiará em 2018. “A eleição é ano que vem, mas acontece que está vindo aí um tsunami.”

O prefeito recebeu a Folha em seu gabinete no último dia 11, quando vieram à tona inquéritos contra 98 pessoas com base nas delações da Odebrecht. “Brasília está pegando fogo”, disse. “E se alguém morrer queimado lá agora? Vou me posicionar na hora que achar que deva.”

Presidente do PHS, Eduardo Machado afirmou ser um sonho de consumo ter Jair Bolsonaro (PSC-RJ) candidato ao Planalto pela sigla. Kalil rebate: “não acho que nenhum candidato hoje no Brasil seja sonho de consumo”.

Pré-candidato pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, saiu na frente e convidou o prefeito de BH para jantar, mas o encontro foi cancelado. “Tive que adiar porque nada mais importante do que o aniversári­o do meu filho”, diz Kalil. DE BARBA

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