Monges e botos esperam visitantes em ilha no Mekong
DO “NEW YORK TIMES”
Com uma população de 3.000 pessoas em cinco aldeias, a ilha de Don Daeng fica no meio do rio Mekong.
Minha mulher, nossa pequena filha e eu chegamos lá de barco que alugamos no River Resort, em Champasak. Percorremos de bicicleta as trilhas de terra e visitamos as aldeias locais. Há cinco delas na ilha, com um a população total de 3.000 pessoas.
Os moradores caminhavam de uma aldeia a outra, ou faziam o percurso sentados na traseira de lentos tratores. Mulheres fritavam bolinhos de arroz ao ar livre, diante de suas casas. Um rebanho de búfalos ribeirinhos caminhava pacificamente pela praia arenosa, se aproximando do rio para beber água.
Na hora do almoço, fomos a La Folie, uma pousada em estilo colonial dirigida por franceses. Em contraste com o River Resort, completamente modernista, construído em concreto e vidro, La Folie tinha painéis reluzentes de madeira nos pisos e nas paredes. A pousada oferece vista para o rio e para as montanhas a oeste. De lá, o templo Vat Phou fica claramente visível no alto da colina.
Naquela noite, fizemos um passeio de barco, percorrendo o Mekong ao anoitecer. Na manhã seguinte, atravessamos o rio de balsa e em seguida fomos de ônibus até um porto fluvial ao sul, onde tomamos um barco de madeira, lotado de mochileiros, para visitar a área das chamadas Quatro Mil Ilhas, ou Si Phan Don, que fica na fronteira com o Camboja.
Esse trecho do Mekong está lotado de ilhotas e pedras, com cascatas abundantes. Naquele ponto, os colonizadores franceses descobriram que era impossível continuar navegando rio acima pelo Mekong, e construíram uma pequena ferrovia entre Don Khon e Don Det.
Passamos duas noites no lado norte de Don Khon. Nosso quarto na Sengahloune Villa, uma pousada mais rústica que o River Resort, oferecia vista para o rio. As vias navegáveis estreitas, os botes de madeira e as palmeiras dançando ao vento me lembravam as águas de Kerala, no sul da Índia, e o delta do Mekong, onde o rio chega ao Mar do Sul da China, no Vietnã.
Passamos os dois dias andando de bicicleta e contemplando o pôr do sol da velha ponte ferroviária francesa.
Uma tarde, alugamos um barquinho na ponta sul de Don Khon, perto dos trilhos da velha ferrovia, para ver os famosos botos da área. Enquanto forçávamos a vista procurando os botos, avistamos um grupo de monges com seus mantos cor de açafrão, acomodados em um barco a remo. Eles vinham do Camboja. O barco desfraldava a bandeira do Camboja, com uma imagem do templo principal de Angkor Wat.
Eles estavam lá sentados e apontavam sempre que a cabeça de um boto emergia da água por alguns segundos. E o rio continuava a fluir, prosseguindo por centenas de quilômetros, até o distante oceano. (EW)