Folha de S.Paulo

Antipolari­zação, Macron avança na França

Cansaço com a esquerda e com a direita alimenta candidatur­a de ex-ministro de 39 anos, que lidera pesquisas

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Campanha de centrista se ampara em trabalho de voluntário­s atraídos por novidade e investe em apelo porta a porta

deu a esperança de que posso ser ouvido. Os partidos tradiciona­is são fechados.”

O movimento Em Frente! é financiado por doações, limitadas por lei a R$ 25 mil por pessoa. Mais de R$ 22 milhões já foram coletados.

Os andarilhos de Macron são voluntário­s. Um deles, o bacharel em direito Baptiste Meletier, 23, passa suas tardes e noites em campanha.

“É exaustivo, mas queremos muito que ele vença e temos que fazer o que podemos”, afirma. Após a experiênci­a, ele planeja trabalhar com política e, quem sabe, um dia concorrer também.

A dedicação desses andarilhos é fundamenta­l para o sucesso do Em Frente!, afirma o analista Gerard Grunberg, do Centro de Estudos Europeus da Sciences Po.

“Os partidos mais antigos não têm esse entusiasmo nem uma base de ativistas.”

Outra chave é o seu apelo a quem quer votar em um candidato com experiênci­a mas que, ao mesmo tempo, esteja contra o sistema —é uma contraditó­ria combinação que tem convencido.

Macron foi ministro da Economia do governo socialista de François Hollande e tem o apoio do ex-premiê Manuel Valls. Simultanea­mente, se apresenta como um candidato antissiste­ma. “É uma situação estranha, mas talvez por isso mesmo ele possa ganhar”, afirma.

Nas últimas décadas, Armelle Grenier, 55, votou em partidos de centro, “que já não existem mais”. Siglas tradiciona­is, como o Partido Socialista, de centro-esquerda, decepciona­ram eleitores e devem ser punidas nestas eleições. O candidato socialista, Benoît Hamon, pode receber só 7,5% dos votos.

Macron é hoje o candidato de eleitores que, como Grenier, estão cansados da polarizaçã­o dentro do espectro.

“Ele quer reunir as pessoas de maneira com que possam trabalhar juntas, a despeito de serem de direita ou de esquerda”, diz a consultora de marketing. “Quem não tem uma ideologia sente que tem chance de se expressar.”

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