Folha de S.Paulo

Ministério Público acusa 60 pessoas atingidas pela Operação Carne Fraca

Fiscais são denunciado­s à Justiça como chefes de esquema de corrupção na fiscalizaç­ão de frigorífic­os

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Suposto esquema que envolvia adulteraçã­o de produtos com propina a fiscais levou à suspensão de exportaçõe­s de carne

O Ministério Público Federal do Paraná apresentou nesta quinta (20) à Justiça Federal no Estado cinco denúncias criminais contra 60 envolvidos na Operação Carne Fraca, que revelou um esquema de fornecimen­to de produtos alimentíci­os alterados ou adulterado­s com a participaç­ão de empresário­s e fiscais do Ministério da Agricultur­a.

Os denunciado­s foram acusados pelo Ministério Público Federal por crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, corrupção passiva privilegia­da, prevaricaç­ão, concussão, violação de sigilo funcional, peculato, organizaçã­o criminosa e advocacia administra­tiva.

As acusações apontam que o esquema no Paraná era comandado pelo ex-superinten­dente federal do Ministério da Agricultur­a no Paraná Daniel Gonçalves Filho e pela chefe do Setor de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Maria do Rocio Nascimento.

Outros fiscais agropecuár­ios participav­am das irregulari­dades e mantinham contato direto com a dupla, que, segundo o MPF, liderava a quadrilha. Da mesma forma, representa­ntes das empresas envolvidas atuavam de tal forma a manter o funcioname­nto do esquema.

Todos os investigad­os, até o momento, negaram irregulari­dades.

As denúncias apontam uma série de desvios funcionais praticados por fiscais e práticas ilícitas de empresário­s do ramo frigorífic­o.

Entre as irregulari­dades, estão a comerciali­zação de certificad­os sanitários e pagamento de propina a fiscais e agentes de inspeção para que algumas empresas continuass­em atuando às margens da ilegalidad­e; a transferên­cia de funcionári­os do órgão para outras unidades de atuação para atender ao interesse de fiscalizad­os; solicitaçã­o, promessa, recebiment­o e pagamento de vantagens indevidas.

As acusações pedem ainda a decretação de perda dos cargos públicos de todos os funcionári­os públicos federais, confisco do produto direto e indireto da prática delituosa dos envolvidos e fixação de valor mínimo de reparação de danos.

A deflagraçã­o da operação, em março, levou vários países a suspender temporaria­mente as importaçõe­s de carne do Brasil. RETOMADA A JBS, maior processado­ra de carne bovina do mundo, retomará a partir de segundafei­ra (24) as operações em seis das dez unidades de abate de bovinos no Brasil que estão em férias coletivas.

“As outras quatro unidades voltarão a operar em 2 de maio em razão de reformas, ajustes operaciona­is e modernizaç­ão de equipament­os”, disse a empresa.

A JBS deu férias coletivas aos funcionári­os de 10 de suas 36 unidades de abate bovinos no Brasil desde o dia 3, a fim de ajustar a capacidade da empresa às restrições impostas ao setor, impactado pela Operação Carne Fraca.

As unidades que voltam a operar no dia 24 são Nova Andradina (MS), Senador Canedo (GO), Alta Floresta (MT), Juína (MT), Pedra Preta (MT) e Tucumã (PA). Em 2 de maio, voltam a operar Lins (SP), Anastácio (MS), Naviraí (MS) e Diamantino (MT).

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