Folha de S.Paulo

Lalit Modi viaja em helicópter­o de parceiro da CBF

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O magnata indiano Lalit Modi negocia com a CBF uma parceria comercial. Na terçafeira (18), ele apresentou à cúpula da entidade o seu mais conhecido projeto: a criação e expansão da mais famosa liga de críquete da Índia. Em sua visita ao Rio, ele foi ciceronead­o por Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

A Folha apurou que o empresário indiano pretende trabalhar com a confederaç­ão na internacio­nalização do futebol brasileiro.

A CBF negocia atualmente a venda dos direitos televisivo­s dos seus amistosos, além de ter projetos para lucrar mais com a sua marca.

A entidade que comanda o futebol nacional nega a negociação com o polêmico cartola, que está impedido de voltar ao seu país de origem.

Em nota, a entidade informou que Modi fez apenas “uma visita de cortesia para conhecer a CBF e apresentar como foi sua experiênci­a de formação e expansão da liga de críquete indiana nos mercados interno e externo”.

Nesta quinta-feira (20), ele voltou ao prédio da CBF e visitou o museu da entidade.

Na terça-feira (18), Modi chegou a ganhar das mãos do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, uma camisa oficial da seleção brasileira com o tradiciona­l número dez e o seu primeiro nome estampado nas costas.

Em sua conta no Instagram, o empresário disse que estava “tremendame­nte honrado por ser recebido pelo presidente Del Nero e sua diretoria”. Nas fotos postadas, Modi aparece também com Walter Feldman, secretário­geral da entidade, coronel Nunes, vice-presidente, e Rogério Caboclo, diretor executivo de gestão da CBF.

“Foi fascinante passar o dia com eles”, acrescento­u o empresário, criador da IPL (Indian Premier League). No país apaixonado pelo críquete, o torneio é um grande sucesso comercial.

Na década passada, ele formatou a competição especialme­nte para a televisão. Criticado pelos puristas do esporte, o empresário adotou uma versão condensada da modalidade, que reduzia o jogo, que poderia durar um dia, para três horas na TV.

Além disso, ele atraiu para o torneio estrelas de Bollywood (indústria de cinema indiano), algumas são donas de times. Em 2016, a Liga foi avaliada em cerca de US$ 4 bilhões (R$ 12,6 bilhões).

Apesar do sucesso da liga de críquete, Modi foi afastado do comando da entidade em 2010. Ele foi acusado de enriquecim­ento ilícito, lava- gem de dinheiro e recebiment­o de propina na venda dos contratos de direitos televisivo­s e para a exibição do torneio na internet. O indiano nega as acusações das autoridade­s do seu país.

Del Nero também é acusado pelo FBI (a polícia federal americana) de receber propina na venda de torneios no Brasil e no exterior. Comandante da CBF por mais de duas décadas, Ricardo Teixeira também é acusado dos mesmos crimes. Os brasileiro­s também negam as acusações.

No Rio, Teixeira e o empresário indiano foram vistos em vários lugares turísticos.

Sem poder voltar ao seu país, Modi vive na Inglaterra. Ele também costuma passar temporadas em países do Oriente Médio.

Autoridade­s da Índia tentam a extradição de Modi desde 2016, após a aprovação do pedido em um tribunal de Mumbai. Em março, ele obteve uma vitória após a Interpol (polícia internacio­nal) se recusar a acionar um alerta para extraditar o empresário.

Ele alega ter ter recebido ameaças de morte no país.

Em sua conta no Twitter, Modi comemorou a decisão da polícia internacio­nal.

“A espada que pendia sobre minha cabeça de repente desaparece­u”, afirmou em postagem.

DO RIO

O indiano Lalit Modi aproveitou os dias no Rio na companhia de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

Os dois cartolas passaram o final de semana em Angra dos Reis e jantaram em restaurant­es sofisticad­os do Rio. Imagens de toda a viagem foram registrada­s na conta do indiano no Instagram.

Para chegar no balneário, o magnata foi levado pelo excartola no helicópter­o do empresário Wagner Abrahão, um dos principais parceiros comerciais da CBF.

Em 2014, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, comprou um dúplex na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, onde vivia o empresário.

Abrahão é dono do Grupo Águia, um dos maiores conglomera­dos de turismo do Brasil. Ele é agente de viagens oficial da CBF há mais de 30 anos e responsáve­l pela logística da seleção brasileira e das competiçõe­s organizada­s pela entidade nacional, como a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.

Em Angra dos Reis, Modi passeou com Teixeira por várias ilhas de lancha.

Em um dos seus posts no Instagram, o magnata agradece a Teixeira pela recepção.

“Obrigado por me trazer finalmente ao Brasil, um lugar onde sempre quis conhecer”, escreveu o indiano na legenda de uma foto em que ele está ao lado de Teixeira e da exmulher do cartola. O trio jantava no Satyricon, famoso restaurant­e de Ipanema, na zona sul do Rio. Na mesma postagem, ele chega a chamar Teixeira de “rei do futebol” —apelido que normalment­e acompanha Pelé.

O magnata indiano é famoso nas redes sociais. Mais de 47 mil pessoas curtiram uma de suas postagens no balneário fluminense. (SR)

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Carl Court - 5.mar.2012/AFP O empresário indiano Lalit Modi após audiência realizada em tribunal da Inglaterra

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