Folha de S.Paulo

Prefere escolher lugares onde é possível ir a pé mesmo quando sai com a família.

- EDUARDO GERAQUE

DE SÃO PAULO

Nos últimos quatro anos, o faturament­o dos estacionam­entos e dos serviços de valets caiu entre 40% e 27% na cidade de São Paulo. Mas as estimativa­s indicam que só metade disso tem relação com a crise econômica.

“A outra metade, no caso só dos estacionam­entos, está relacionad­a ao maior uso dos aplicativo­s [como a Uber] e a melhoria da mobilidade urbana de uma forma geral, com o aumento do uso do ônibus, por causa das faixas, e do maior uso da bicicleta”, diz Marcelo Gait, presidente do Sindepark, sindicato que reúne as empresas de estacionam­entos de São Paulo.

O executivo, que administra a rede de estacionam­entos ICO, cita exemplos de seu dia a dia que mostram como paulistano­s reduziram o uso do carro, o que também impacta os serviços de valets.

Grandes empresas, que alugavam centenas de vagas por mês para oferecer aos funcionári­os, reduziram o benefício. O nível de gerência, por exemplo, em alguns casos, não tem mais a regalia.

Números da prefeitura obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que o movimento dos valets legais também caiu. A queda na emissão de cupons ao cliente, entre 2013 e 2016, foi de 27%. Em valores brutos, o número de cupons emitidos passou de 1,5 milhão para 640,6 mil.

O caso do publicitár­io Ricardo Gaspar, 44, morador da zona sul, ilustra bem os novos hábitos de parte dos moradores da cidade. “Quando estou sozinho opto em ir só de bike. Tem lugar onde o custo do almoço é R$ 30 e do estacionam­ento, R$ 25. Praticamen­te aboli o estacionam­ento, só uso em casos extremos como em hospital.”

O publicitár­io afirma que IRREGULARE­S Mas se a mobilidade melhorou e a crise econômica nacional atingiu em cheio o mundo dos valets e estacionam­entos, as milhares de empresas irregulare­s que atuam na área também minam o faturament­o das legalizada­s.

O que ocorre em São Paulo é muito simples, segundo Vagner Landi, engenheiro civil urbano, especialis­ta em aprovações de projetos na Grande São Paulo.

“O investidor privado compra ou aluga vários imóveis conjugados, faz as demolições, não aprova a unificação dos lotes por que são de proprietár­ios diferentes, e monta o estacionam­ento sem as condições de segurança.”

Pelas leis atuais, os estacionam­entos precisam ter uma área permeável de 15% a 30% do terreno, dependendo do local da cidade em que estão instalados, além de ter uma árvore a cada 40 metros quadrados de área descoberta.

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