No Brasil, atos terão debates e ‘tesouraço’ contra corte de verbas
FOLHA
Embora as versões brasileiras da Marcha Pela Ciência tenham abraçado os principais objetivos do movimento internacional, os organizadores daqui afirmam que o senso de urgência é maior. Para eles, a própria viabilidade da ciência nacional está ameaçada.
“A gente tem de mostrar que o Brasil corre o risco de virar uma republiqueta e voltar séculos no tempo, porque o desenvolvimento de um país é impossível sem ciência e tecnologia”, diz o presidente da SBQ (Sociedade Brasileira de Química), Aldo Zarbin, que é professor da Universidade Federal do Paraná e colabora com a organização da marcha em Curitiba.
“A falta de verbas está colocando em jogo o futuro de uma geração inteira de jovens pesquisadores”, argumenta o físico Ildeu de Castro Moreira, membro da coordenação do evento no Rio.
Por enquanto, as sociedades científicas conseguiram mobilizar pesquisadores que participarão em 25 cidades de todas as regiões do Brasil — 13 são capitais (sem contar Brasília, que também faz parte da lista) e outros municípios a partir das 14h. Estão programadas rodas de debates sobre temas como biotecnologia e matemática. Cientistas de peso, como Helena Nader, o bioantropólogo Walter Neves e o geneticista Carlos Menck farão discursos breves.
“Não queremos uma discussão partidária, mas algo que chame a atenção para as necessidades da ciência, como a contratação de pessoal para os institutos de pesquisa estaduais”, diz Flávia Virginio Fonseca, doutoranda em parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Em Curitiba, o evento reunirá manifestantes em frente ao prédio da UFPR a partir das 16h. “A gente espera fazer jus à data e ajudar o Brasil a se redescobrir”, brinca Zarbin.
O químico reconhece que especialistas de áreas como as ciências exatas têm dificuldade para se mobilizar a respeito de causas políticas. “O pessoal tende a ficar dentro do laboratório e demora a reagir. As pessoas vão levando, parecem ter uma certa incredulidade diante da tremenda perda de status da ciência brasileira que está acontecendo. É preciso sair dessa letargia.”
Mais informações sobre as marchas estão no site http:// bit.ly/2odChBp. 2) Volta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, hoje fundido com o Ministério das Comunicações 3) Elevação do patamar da ciência e da tecnologia, para que ela fortaleça o desenvolvimento e a soberania do país 4) Mais direitos para pós-graduandos, que hoje trabalham em condições relativamente precárias, sem acesso à regulação trabalhista