Ponte Preta beirou a falência, mas renasceu com ajuda de mecenas
Presidente de honra do clube de Campinas tem mais de R$ 102 milhões para receber
PAULISTA
Em 1996, a Ponte Preta vivia uma situação que beirava a falência. Com mais de 250 ações trabalhistas na Justiça, cinco meses de salários atrasados, disputando a Série A-2 do Campeonato Paulista e a Série B do Brasileiro, até os sofás do estádio Moisés Lucarelli estavam penhorados.
Nos últimos 20 anos, a Ponte Preta deixou de ser mais um time falido do interior para virar a quinta força do futebol no Estado. Chega agora pela quarta vez à semifinal do Estadual nesse intervalo.
A recuperação da equipe coincide com a chegada de um mecenas, o hoje presidente de honra, Sérgio Carnielli, 71. Ele assumiu a presidência do clube em setembro de 1996, logo após o antigo mandatário, Nivaldo Baldo, renunciar em virtude da crise que o clube atravessava.
“Peguei a Ponte Preta destroçada, em total abandono. Na época, não tínhamos cotas de televisão. Nos primeiros meses foram formadas filas em frente ao estádio para pagar os atrasados”, disse Sérgio Carnielli à Folha.
Assim que assumiu, o dirigente usou dinheiro do próprio bolso para pagar os salários atrasados. A situação perdurou por alguns anos, e o presidente teve de cobrir todas as despesas da agremiação, inclusive na contratação de jogadores e nas reformas do estádio Moisés Lucarelli e do CT Jardim Eulina.
De acordo com o último balanço do clube campineiro, hoje Carnielle tem quase R$ 76,5 milhões para receber da Ponte Preta como pessoa física. Já com a empresa do dirigente, a Carnielle Investimento e Participações Ltda, to clube tem cerca de R$ 26 milhões em dívidas. No total, o clube deve pouco mais de R$ 102 milhões ao dirigente —o que representa 94,5% de todos os débitos da Ponte.
“Um dia vou receber de volta, mas não tem um prazo. Estou muito tranquilo em relação a isso. Nunca fez falta porque trabalho e ganho. Hoje, a Ponte é autossuficiente. Modernizamos e colocamos o time em uma situação interessante”, disse Carnielle, que descarta o apelido de mecenas. “Sou apenas um torcedor . Fiz tudo pela Ponte.”
Como comparação, o Palmeiras, adversário da Ponte Preta neste sábado (22), deve para seu ex-presidente Paulo Nobre cerca de R$ 65 milhões. A dívida já foi de cerca de R$ 180 milhões.
Quando assumiu a presidência da Ponte, Carnielli era dono e fundador da empresa Tecnol, fabricante de armações de óculos. A empresa foi comprada em 2011 pelo grupo italiano Luxottica por cerca de 110 milhões de euros.
No mesmo ano ele foi afastado da presidência da equipe de Campinas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por ter contratado serviços de uma empresa de auditoria que tinha como um dos sócios o conselheiro da Ponte Preta Vanderlei Araújo, o que é proibido pela Lei Pelé.
Mesmo assim, ele recebeu do conselho o título de presidente de honra. Foi sucedido na presidência por Márcio Della Volpe, que era seu vice e ficou até 2014. Agora, o mandatário é Vanderlei Pereira, que pertence ao mesmo grupo político. Carnielli Segue como o homem forte.
“O afastamento foi por motivo político e eu vou muito bem longe da presidência. Não tenho por que retornar. O atual presidente é de primeira linhagem”, disse Carnielli, que antes de se tornar empresário chegou a vender groselha em circos, verduras que a mãe plantava e foi até engraxate na infância.
“O meu sonho é conquistar um título. Quem sabe é neste Paulista”, concluiu. NATV Palmeiras x Ponte Preta Pay-per-view