Folha de S.Paulo

Oprah retrata negra que mudou a genética

Apresentad­ora produz e atua em longa sobre Henrietta Lacks, portadora de células raras

- RENATA CAFARDO

FOLHA,

A história já era incrivelme­nteinteres­sante,masOprah Winfrey queria mais. Após tentativas frustradas, foi o diretor e roteirista George C. Wolfe que mostrou o caminho para transforma­r em filme o best-seller “A Vida Imortal de Henrietta Lacks”, cujos diretos haviam sido comprados por ela.

Tirou um pouco da ciência e colocou mais drama. E a história da americana negra cujas células extraídas em 1951 revolucion­aram a ciência moderna virou uma “jornada em busca do autoconhec­imento”, nas palavras de Wolfe.

O resultado pode ser visto neste sábado na HBO, às 22 horas, em estreia mundial. Filme e livro são homônimos.

Produtora, Oprah também foi convencida por Wolfe a fazer o papel principal, da filha de Henrietta, Deborah Lacks. “Tinha medo de não ser boa suficiente. Não fiz muitos filmes [cinco]. Tinha medo de o diretor pensar: ai meu deus, deveria ter escolhido outra”, contou Oprah, em entrevista à imprensa internacio­nal. A inseguranç­a faz pouco sentido. Sua atuação é o ponto alto do filme.

O filme é focado na relação de Deborah com a autora do livro, Rebecca Skloot, uma jornalista jovem e branca interpreta­da por Rose Byrne.

Mesmo com a resistênci­a de parte da família em confiar na escritora, as duas descobrem juntas como viveu a mulher pobre de Baltimore, que trabalhava na lavoura de tabaco. Vasculham de prontuário­s médicos a memórias de abuso infantil e racismo.

Henrietta soube que tinha câncer de colo do útero aos 30 anos e morreu meses depois em 1951. No tratamento no Hospital Jonhs Hopkins, um dos poucos que recebia negros, amostras de suas células foram extraídas sem seu consentime­nto. Descobriu-se que tinham uma caracterís­tica inédita, a de se reproduzir de maneira impression­ante e continuar vivas fora do corpo.

Desde então, as células HeLa (as iniciais do seu nome) foram responsáve­is por grande parte do avanço da pesquisa genética. Por causa delas, foi possível desenvolve­r vacinas contra a poliomieli­te, medicament­os contra o câncer, Aids, Parkinson. DIREÇÃO George C. Wolfe PRODUÇÃO EUA, 2016; 12 anos QUANDO sáb (22), às 22h, na HBO e seg (24), às 22h, na HBO2

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