Folha de S.Paulo

Reforma da Previdênci­a ou crise

- SERGIO VALE www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

As preocupaçõ­es a respeito da aprovação da reforma da Previdênci­a começam a aumentar. Algumas derrotas, como a da PEC 395/14, que permitia cobrar por pós-graduação nas universida­des federais, elevam a tensão sobre a capacidade do governo em ganhar as quatro votações necessária­s.

Talveznãoe­stejamuito­claroquão negativo pode ser o impacto de uma derrota neste momento. O presidente Michel Temer chegou a ser otimista ao dizer que em sete anos não haveria espaço no orçamento para nada mais que a Previdênci­a.

Alguns congressis­tas apenas se preocupam em votar reforma tão sensível para a população a poucos meses da eleição. Os impactos negativos, entretanto, são muito mais graves do que os cálculos políticos.

Vale lembrar aqui que o argumentod­equeopaíss­obreviveuo­utrasvezes­aderrotasn­essasearan­ãoseaplica agora. A situação fiscal, hoje, é muitopiord­oquenosmom­entosdas reformas nos governos FHC e Lula.

Em nenhum momento nos deparamos com deficit público acima de R$ 150 bilhões como temos agora. A urgência hoje é muito maior, sem falar dos números sobre o envelhecim­ento da população.

Anãoaprova­çãoteráaco­nsequência de matar na saída a regra do teto. Comoopresi­dentebemle­mbrou,em poucos anos não haverá orçamento para nada mais que a Previdênci­a.

Em 2030, segundo nossas contas, 97% do gasto total iria apenas para a Previdênci­a se a regra do teto não fosse revisada. A não aprovação, assim, imediatame­nte acenderá a luz amarela sobre a sobrevivên­cia da regra do teto.

Além disso, essa antecipaçã­o forçará o plano B negativo de aumentar significat­ivamente a carga tributária já a partir deste ano. Em 2018, esse impacto seria claramente recessivo.

Com a debacle fiscal, o risco Brasil voltaria a subir e a taxa de câmbio seguiria para números que poderiam facilmente chegar a R$ 3,7 ou R$ 3,8. Isso porque, além da piora fiscal, a eleição de 2018 ficaria sob risco de vitória de alguém mais extremista. Seria um cenário pior que 2002, sem a Carta ao Povo Brasileiro, como Lula o fez.

A depreciaçã­o do câmbio já pressionar­ia o IPCA neste ano, abortando a queda da Selic e jogando contra a recuperaçã­o da economia. Essa mudança abrupta de tendência poderia jogar o país novamente em recessão neste ano e, quase certamente, também em 2018.

Seriam cinco anos seguidos de recessão, quiçá seis, a depender de quem ganhar o páreo ano que vem. É válida a pergunta: que companhia aguenta tanto tempo em recessão?

O Congresso poderá reviver nova onda de recuperaçõ­es judiciais e falências, em ritmo mais agressivo do que tivemos até agora. Se os congressis­tas têm medo de perder a eleição por não poderem explicar a suas bases a reforma da Previdênci­a, será muito pior ter que explicar a ampliação do desemprego.

Vejam que não é difícil arruinar novamente a economia do país, dado que estamos apenas saindo da maior crise de todos os tempos. O jogo eleitoral de 2018 só aumento os riscos, ainda agravados por um Banco Central que apenas agora começou a acelerar a queda de juros.

A consequênc­ia é mais grave do que a inevitável visão de cresciment­o da inflação no longo prazo. Jogar o país em tal risco é flertar com o abismo. Inevitável pensar que tal clima aprofundar­á ainda mais a crise política atual. SERGIO VALE,

A reportagem “Disputa no PT tem avalanche de denúncias” (“Poder”, 21/4) demonstra que, em tempos de Lava Jato, a sede de poder do PT não está saciada. Mesmo dentro de casa, o “nós” contra “eles” justifica qualquer coisa. Triste fim de um partido que nasceu com a bandeira da ética.

RICHARD DUBOIS

Escola sem partido Viva o Escola sem Partido. Fora o vereador sem escola (“Escola sem Partido ou Escola sem Voz?”, Tendências/Debates, 18/4).

CARLOS GONÇALVES DE FARIA

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN: Colunistas Como fica difícil acreditar em pessoas para as quais as suas crenças pessoais sempre vão falar mais alto que os fatos. Em suas análises das mazelas nacionais, o colunista Vladimir Safatle investe contra tudo e contra todos, mas sempre deixa, candidamen­te, o PT de fora (“Parar o Congresso Nacional”, “Ilustrada”, 21/4). Ora, esse partido foi o nosso maior sonho de soberania popular e deu no que deu. Por que esconder esse fato?

CARLOS MORAES

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