Folha de S.Paulo

Ombudsman tem seu mandato renovado

Paula Cesarino Costa, ex-secretária de Redação da Folha, cumprirá segundo período na função até abril de 2018

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Jornalista é responsáve­l por coluna semanal, crítica interna diária enviada à Redação e atendiment­o de leitores

A jornalista Paula Cesarino Costa, 52, teve seu mandato de ombudsman da Folha renovado por um ano. O segundo período se estenderá até abril de 2018.

Trata-se de uma decisão da direção do jornal em comum acordo com a jornalista. O mandato é anual e pode ser renovado três vezes.

Ex-secretária de Redação na área de edição e ex-diretora da sucursal do Rio, Paula completa 30 anos na Folha neste ano. Ela é a 12ª ombudsman do jornal desde que o cargo foi criado, em 1989.

Entre as incumbênci­as da função, estão a produção de uma coluna semanal, publicada aos domingos em “Poder”, e uma crítica interna de segunda a sexta-feira, que é distribuíd­a aos jornalista­s.

Também lhe cabe encaminhar à Redação queixas e comentário­s de leitores e de personagen­s do noticiário.

Nos últimos 12 meses, a ombudsman realizou 3.791 atendiment­os. “Os leitores são mais do que colaborado­res, eles dão um norte para o meu trabalho”, afirma.

Paula aponta aspectos positivos da atuação do jornal ao longo do seu primeiro mandato como ombudsman.

“A Folha cresce na cobertura das grandes crises políticas”, avalia. “Apesar de cobrar diariament­e que permaneces­se fiel à sua tradição pluralista, equilibrad­a e investigat­iva, acho que o jornal conseguiu oferecer boa qualidade noticiosa e analítica.”

Por outro lado, ela não poupa a Folha de críticas. “O jornal precisa investir mais tempo, recursos e pessoal em investigaç­ão independen­te e na melhora da análise de dados, inclusive das pesquisas do Datafolha.”

Para Paula, “é necessário investimen­to para melhorar a qualidade do texto do jornal em todas as plataforma­s. Ainda mais levando em conta os objetivos do novo Projeto Editorial da Folha”.

Lançado em março, o documento propõe que o jornal “abra um leque menos extensivod­eassuntos,masque,em contrapart­ida, cada um deles seja abordado de modo mais inteiriço e interpreta­tivo”.

De acordo com a ombudsman, os dias logo após a publicação da coluna “Um jato de água fria” —em que criticava o que chamou de “coletiva em off” com procurador­es para obter informação sob sigilo— foram os mais difíceis deste primeiro período.

“Na intrincada narrativa da Lava Jato, a dependênci­a dos repórteres de fontes e investigaç­ões oficiais tem sido grande demais”, escreveu Paula em 19 de março.

“Sofri críticas públicas, injustas e descabidas, de autoridade­s que deveriam zelar pela transparên­cia e pela defesa do interesse público. Meus comentário­s visavam apenas alertar para riscos de manipulaçõ­es contrárias ao interesse do leitor e me vi em meio a um embate político”, afirma a ombudsman sobre a repercussã­o daquele texto. DAQUI PARA A FRENTE Para os próximos 12 meses, diz Paula, uma das metas é “fazer uma avaliação integrada da cobertura do jornal em todas as plataforma­s, ampliando o radar para além daqueles que se manifestam diretament­e à ombudsman”.

O objetivo é “buscar de forma sistematiz­ada os comentário­s dos leitores no site do jornal e nas redes sociais para usá-los como elementos complement­ares e embasadore­s do meu trabalho”.

Sobre as perspectiv­as da Folha, a ombudsman afirma que “a abertura de linhas investigat­ivas próprias, a capacidade de articulaçã­o das narrativas da crise política e a busca de oxigenação da agenda social são desafios constantes e que se acentuam em momentos de transforma­ção da estrutura jornalísti­ca e do sistema político”.

“Creio que ele [Moro] cumpre seu papel adequadame­nte, qualquer consideraç­ão negativa que eu faça sobre as delações será prejudicia­l, porque pode passar a ideia de que se quer acabar com a Lava Jato

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Eduardo Knapp - 20.abr.2016/Folhapress Para Paula, reconduzid­a ao cargo, jornal cresce nas crises, mas precisa investigar mais

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