Folha de S.Paulo

Governo pode pedir multa maior para a Odebrecht

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Empresa já pagou o equivalent­e a R$ 7,6 bi

Os US$ 2,4 bilhões (R$ 7,6 bi) que a Odebrecht se compromete­u a desembolsa­r no Brasil em seu acordo de leniência, espécie de delação premiada de empresas, são apenas um “importante primeiro passo” para ressarcir os danos causados aos cofres públicos, segundo a AGU (Advocacia-Geral da União).

Ao contrário do Ministério Público Federal, que tem defendido os valores do acordo que fechou junto a autoridade­s suíças e americanas com a empreiteir­a, a AGU ainda avalia se a quantia é suficiente para cobrir o rombo deixado pelo esquema.

O acerto de leniência, segundo nota da Advocacia-Geral à Folha, “não afasta a atuação complement­ar dos demais órgãos de controle brasileiro­s, como AGU, Ministério da Transparên­cia e TCU, principalm­ente para verificar se todo o dano causado aos cofres públicos foi ressarcido, conforme prevê a Lei Anticorrup­ção”.

Nos últimos meses, a Procurador­ia e a AGU têm tomado posições contrárias em relação ao montante que a Odebrecht deve desembolsa­r como multa. O valor de US$ 2,6 bilhões —sendo US$ 2,4 bilhões para o Brasil— foi assinado pela força-tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato em dezembro, após oito meses de negociação.

Na última semana, o acordo foi homologado pela Justiça dos Estados Unidos. No Brasil, ainda falta o aval do juiz Sergio Moro.

O pagamento, segundo o que foi fixado, será depositado em juízo e 97,5% dele servirá para ressarcir órgãos públicos e estatais, como a Petrobras, que foram prejudicad­os com os crimes praticados pela empresa. O restante seria usado para cobrir perdas por lavagem de dinheiro.

O cronograma de parcelamen­to e como os valores serão divididos entre os beneficiár­ios ficará em sigilo pelo menos até junho.

Caso a Odebrecht cumpra seus termos, o Ministério Público, por exemplo, não pode entrar com ações de improbidad­e contra a empresa.

A ideia dos acordos de leniência é que, em troca do pagamento de multa e do fornecimen­todeinform­açõesquepo­ssam resultar em novos inquéritos, a empresa preserve suas atividades.

A Odebrecht defende que, “além dos valores fixados a título de dano material e imaterial”, apresentou “um volumoso e sem precedente conjunto de informaçõe­s, elementos de provas e inúmeras inéditas linhas de investigaç­ão”. (JOSÉ MARQUES)

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