Mulheres ascendem no governo Macri
Com chanceler, ministras da Segurança e do Desenvolvimento Social e vice, presidente promove mudança cultural
À Folha, políticas falam sobre obstáculos e preconceito na carreira; representação no Legislativo é de 40%
argentina se mostra hoje mais aberta à mulher porque esta também vem ganhando mais espaço na sociedade.
Quando jovem, ela atuava politicamente por outros meios. Primeiro, entrou para a Juventude Peronista e se aproximou da guerrilha montoneros, travando vínculos com algumas de suas principais lideranças. Com o tempo, se decepcionou com o peronismo e hoje seu partido, Unión por la Libertad, é parte da aliança governista Cambiemos.
“Ainda há muito a fazer. No sindicalismo, por exemplo, há lei de cotas que não é respeitada. Mesmo em profissões em que a maioria dos trabalhadores é mulher, os líderes sindicais são homens. A lei precisa ser cumprida.”
Quanto à reivindicação de organizações feministas de uma lei do aborto, Bullrich diz crer que isso ficará em suspenso nesta gestão.
“É um tema que divide toda a sociedade argentina, inclusive as mulheres. Além disso, a figura do papa Francisco acaba pesando a balança para o lado da proibição. Ele tem influência, e não acredito que a Argentina, durante o papado de um argentino, aprove o aborto. Nem Cristina Kirchner quis enfrentar esse problema”, conclui.
Tanto Malcorra como Bullrich recorreram à infância para contar como enfrentaram o preconceito na política.
“Uma vez contei a meu pai quecolegasdaescolaestavam fazendo piadas comigo por eu ser mulher. Ele disse: ‘Se alguém tiver um problema com você, diga à pessoa que o problema é dela’. Lembro disso e ignoro comportamentos preconceituosos”, afirma.
Já Bullrich conta que sua atitude combativa vem do fato de ser a menor de quatro irmãos, sendo homens os dois mais velhos. “Essa ideia de ter sempredemecompararoude enfrentar alguém mais velho e homem me preparou para não ficar para trás na vida.”
A Argentina está a poucos meses das eleições legislativas, que em outubro renovam cerca de metade do Congresso e são consideradas chave paragarantiragovernabilidade de Macri —que por ora não tem maioria parlamentar.
O presidente já começa a fazer apostas. E as duas mais importantes estão, justamente, nas mãos de mulheres.
Enquanto Vidal será a responsável na província por fazer a campanha para o Cambiemos, na capital quem encabeçaráalistadogovernoseráaveteranaElisa“Lilita”Carrió, 60, que já foi três vezes candidata à presidente.
Para analistas, Macri escolheu Carrió, conhecida pelo tomcombativoedonadeuma avaliação positiva de 61% na capital, pelo fato de ela estar associada a uma carreira dedicada a denúncias na Justiça contra corrupção, tema frequente nos protestos de rua.
O apoio de seu partido, a Coalizão Cívica, foi vital para a vitória de Macri em 2015.