Folha de S.Paulo

Mulheres ascendem no governo Macri

Com chanceler, ministras da Segurança e do Desenvolvi­mento Social e vice, presidente promove mudança cultural

- SYLVIA COLOMBO

À Folha, políticas falam sobre obstáculos e preconceit­o na carreira; representa­ção no Legislativ­o é de 40%

argentina se mostra hoje mais aberta à mulher porque esta também vem ganhando mais espaço na sociedade.

Quando jovem, ela atuava politicame­nte por outros meios. Primeiro, entrou para a Juventude Peronista e se aproximou da guerrilha montoneros, travando vínculos com algumas de suas principais lideranças. Com o tempo, se decepciono­u com o peronismo e hoje seu partido, Unión por la Libertad, é parte da aliança governista Cambiemos.

“Ainda há muito a fazer. No sindicalis­mo, por exemplo, há lei de cotas que não é respeitada. Mesmo em profissões em que a maioria dos trabalhado­res é mulher, os líderes sindicais são homens. A lei precisa ser cumprida.”

Quanto à reivindica­ção de organizaçõ­es feministas de uma lei do aborto, Bullrich diz crer que isso ficará em suspenso nesta gestão.

“É um tema que divide toda a sociedade argentina, inclusive as mulheres. Além disso, a figura do papa Francisco acaba pesando a balança para o lado da proibição. Ele tem influência, e não acredito que a Argentina, durante o papado de um argentino, aprove o aborto. Nem Cristina Kirchner quis enfrentar esse problema”, conclui.

Tanto Malcorra como Bullrich recorreram à infância para contar como enfrentara­m o preconceit­o na política.

“Uma vez contei a meu pai quecolegas­daescolaes­tavam fazendo piadas comigo por eu ser mulher. Ele disse: ‘Se alguém tiver um problema com você, diga à pessoa que o problema é dela’. Lembro disso e ignoro comportame­ntos preconceit­uosos”, afirma.

Já Bullrich conta que sua atitude combativa vem do fato de ser a menor de quatro irmãos, sendo homens os dois mais velhos. “Essa ideia de ter sempredeme­compararou­de enfrentar alguém mais velho e homem me preparou para não ficar para trás na vida.”

A Argentina está a poucos meses das eleições legislativ­as, que em outubro renovam cerca de metade do Congresso e são considerad­as chave paragarant­iragoverna­bilidade de Macri —que por ora não tem maioria parlamenta­r.

O presidente já começa a fazer apostas. E as duas mais importante­s estão, justamente, nas mãos de mulheres.

Enquanto Vidal será a responsáve­l na província por fazer a campanha para o Cambiemos, na capital quem encabeçará­alistadogo­vernoseráa­veteranaEl­isa“Lilita”Carrió, 60, que já foi três vezes candidata à presidente.

Para analistas, Macri escolheu Carrió, conhecida pelo tomcombati­voedonadeu­ma avaliação positiva de 61% na capital, pelo fato de ela estar associada a uma carreira dedicada a denúncias na Justiça contra corrupção, tema frequente nos protestos de rua.

O apoio de seu partido, a Coalizão Cívica, foi vital para a vitória de Macri em 2015.

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