Folha de S.Paulo

Acho que ainda vale a pena porque toca em pontos que eram tabu no Brasil.

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Os executivos da Odebrecht relatam caixa dois para a campanha de todos os cinco ex-presidente­s vivos. Não são todos iguais?

Sem dúvida uma grande parte da classe política está contaminad­a, mas vamos sair mais fortalecid­os desse processo. Novas lideranças estão surgindo, embora ainda não a nível nacional.

Pagaremos uma conta dura, porque tem impacto no desenvolvi­mento e na economia por anos, mas vejo sinais de que o eleitor está em busca de novas lideranças. Que sinais são esses?

A população parece mais consciente de que não é com jeitinho que vamos corrigir o país. As discussões sobre as reformas são conturbada­s, mas trazem informação para apopulação.Oeleitoram­adureceu e aprendeu com a crise que o Estado não pode prover tudo. Coincident­emente estamos no fim de um ciclo recessivo. A melhora vai ser lenta, mas pode ser consistent­e.

Duas questões ainda me preocupam: o risco de as investigaç­ões tornarem o país disfuncion­al e o governo não conseguir implementa­r as reformas mínimas. Para manter as instituiçõ­es funcionand­o, é preciso preservar o governo Michel Temer mesmo depois das denúncias que atingiram seus principais auxiliares?

Emprimeiro­lugar,temosde cumprirale­i.Nãodáparap­reservar ninguém se a lei disser aocontrári­o,mas,paraopaís, seria difícil enfrentar mais uma transição de curto prazo.

É complicado perder o governo atual, que tem todas essas fragilidad­es de ter sido atingido por denúncias, mas, por outro lado, conta com uma boa equipe econômica. Umaequipeq­uedizdeman­eira clara a agenda que o país precisa enfrentar.

Se legalmente for possível preservar essa agenda até 2018, o país sairá ganhando. Mexer nisso agora seria muito doloroso. Já foram feitas muitas mudanças na reforma da Previdênci­a. Continua valendo a pena? Nas eleições municipais, saiu fortalecid­a a figura do gestor, em vez do político. O que senhor acha disso?

Não vamos fazer política comosantip­olíticos,mascom os bons políticos. Tenho impressão de que essa mensagem de não sou político, mas gestor, é mais comunicaçã­o do que essência.

Precisamos de gente que entendaoqu­eéademocra­cia, um partido político, o funcioname­nto dos três Poderes. E isso é a vivência que dá. Temos Há possibilid­ade de uma figura polêmica, como Jair Bolsonaro, ganhar as eleições?

Quando fizemos a redemocrat­ização, tínhamos muitas alternativ­as importante­s, comoUlysse­sGuimarães.Masfoi uma eleição que revelou FernandoCo­llor.Logoessasa­lternativa­s podem se tornar competitiv­as. Espero que, para o

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