Jornalista que investigou teia do EI é indiciado
não estava sendo bem defendido, o juízo ou o Ministério Público poderiam destituir a advogada e acionar outro defensor, mas isso não foi feito.
DE SÃO PAULO
O jornalista Felipe de Oliveira foi um dos indiciados no relatório final da Polícia Federal sobre a OperaçãoHashtag,concluído em março.
Autor de reportagens sobre como o Estado Islâmico (EI) recruta terroristas pelo mundo, Oliveira se infiltrou em comunidades de simpatizantes do grupo para investigar o tema.
Uma das reportagens de Oliveira foi publicada pela Folha em março, sob o título “Recrutado pelo terror”. O texto alertava que o repórter criara um perfil falso em redes sociais para seguir supostos aliciadores do EI. Outros veículos, como a TV Globo, publicaram material semelhante do jornalista.
No relatório, o delegado Guilherme Torres, concluiu que Oliveira “promoveu” o EI em publicações em aplicativos de celular e o indiciou no artigo 3º da Lei Antiterrorismo (promoção de organização terrorista).
Segundo a PF, Oliveira foi citado no depoimento deumainvestigadanaoperação como sendo um integrante do EI. O jornalista então se apresentou espontaneamente à polícia e entregou seu smartphone.
O relatório diz que Oliveira “no afã de obter matérias jornalísticas exclusivas”, promoveu o EI porque “não apenas apurava jornalisticamente junto a simpatizantes (...), mas também fomentava a radicalização e criava links ou relações interpessoais entre os extremistas”.
Procurado, Oliveira dissequeseucontatocomsimpatizantes desse grupos visouunicamenteaprodução de material jornalístico.
O advogado Beno Brandão, que atende o jornalista, afirmou que acredita na razoabilidade do Ministério Público no caso.
Segundo a Folha apurou, dificilmente a procuradoria oferecerá denúncia contra o jornalista. (FV)