O patriarca ‘pé-rachado’ do pequeno Caravaggio
Celestino Milanez era um homem da terra. Gostava de dizer que tinha a sola do pé tão grossa que não se machucava ao pisar em prego —era o pé que entortava o prego.
Uma vez foi visitar a irmã, “todo bonito, elegante e com o cabelinho penteado”, conta a filha Clésia. Ao chegar lá, a anfitriã protestou: “‘Tchelestino’, não está faltando nada?” Ele não havia percebido que estava descalço.
Nasceu e cresceu na cidadezinha de Nova Veneza, no sul de Santa Catarina, composta, em grande parte, por descendentes de italianos.
Por ser o filho homem mais velho, foi criado para trabalhar na terra. Era “colono”, como são chamados os agricultores tradicionais na região. Herdou a profissão não só do pai, mas de toda a comunidade do Caravaggio, distrito de Nova Veneza. Também foi apicultor e marceneiro.
Casado com Mercedes, teve 14 filhos. A parentada se reunia na propriedade da família todos os fins de semana. Com o tempo, vieram os netos, os bisnetos e se foram dois filhos e a mulher.
Em um desses domingos, no último dia 9, enquanto as filhas preparavam a tradicional galinha com polenta, Celestino foi olhar sua criação de abelhas, sem proteção. Ao voltar, o carro que dirigia atolou, o que o fez pisar fundo no acelerador, sem sucesso.
O apicultor não percebeu que o barulho do motor havia irritado a colmeia e saiu do carroparapedirajuda.Nãofoi longe. Sucumbiu 20 metros adiante, vítima das picadas.
Deixou 12 filhos, 28 netos, seis bisnetos e uma infinidade de amigos, além de uma horta plantada para os filhos no quintal da casa. coluna.obituario@grupofolha.com.br 19º ANO Nesta segunda (24/04) às 20h, na Igreja Nossa Sra. da Saúde, rua Domingos de Morais, 2.387, Vila Mariana, São Paulo (SP).
VOCÊ DEVE PROCURAR O SERVIÇO FUNERÁRIO MUNICIPAL DE SP: tel. (11) 3396-3800 e central 156 site: www.prefeitura.sp.gov. br/servicofunerario
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