Folha de S.Paulo

Lira Neto e Cristovão Tezza terão colunas na ‘Ilustrada’

Dupla vai se alternar na última página da edição de domingo a cada semana, no lugar vago desde a morte de Ferreira Gullar, em 2016

- MAURÍCIO MEIRELES

O lugar do poeta Ferreira Gullar, morto em dezembro de 2016, na cultura brasileira é dele, e ninguém tira. Mas o espaço que ele ocupava como colunista da “Ilustrada”, na última página do caderno, ganha novos ocupantes, que se revezarão a cada semana a partir deste domingo (23).

São dois os novos colunistas dominicais: o crítico literário e escritor Cristovão Tezza e o jornalista e pesquisado­r Lira Neto. Os dois trazem a prática de já terem escrito para a imprensa na vida.

Tezza, o primeiro a ser publicado, já escreveu na Folha antes. Além de ter publicado resenhas no jornal, ele assinou, entre 2009 e 2010, textos na antiga seção “Rodapé Literário”, na qual se alternava com o crítico e também colunista da Folha Manuel da Costa Pinto. Entre 2008 e 2014, foi cronista da “Gazeta do Povo”, em Curitiba.

“Crônica é um gênero exaustivo, que me esgotou”, diz Tezza. “Vou tateando na coluna nova. Sei que o ato de escrever é inspirador. Quando escrevo ficção, por exemplo, fico com medo. Mas é como se a linguagem já soubesse seu caminho.”

Nascido no interior de San- ta Catarina e radicado em Curitiba, Tezza é um dos principais ficcionist­as em atividade no país. Já venceu alguns dos principais prêmios literários brasileiro­s, como o antigo Portugal Telecom —ambos por “O Filho Eterno” (Record), seu livro mais famoso.

O autor planeja escrever sobre muitos temas —mas quer passar longe da política. “Não é a minha área, e já tem muita gente escrevendo sobre ela”, diz.

Cristovão Tezza também tinha uma bem-sucedida carreira universitá­ria, que abandonou em 2009 para se dedicar à literatura. BIÓGRAFO Já o cearense Lira Neto é jornalista de formação, mas fez nome como autor de biografias cruciais para entender a história do país.

Ele começou como redator no “Diário do Nordeste” e chegou a editor de cultura no jornal “O Povo”. Neste, também trabalhou como ombudsman. Em 2001, largou a vida em redações para se dedicar às biografias.

Como autor, publicou livros sobre Maysa, José de Alencar, Padre Cícero e a trilogia sobre Getulio Vargas. Ganhou quatro prêmios Jabuti por seu trabalho.

Neste ano, ele deu início à trilogia “Uma História do Samba”, em que narra a evolução do ritmo desde o princípio do século 20.

“Eu penso em fazer textos analíticos sobre a cultura num sentido amplo, em seu aspecto maior. Tentarei refletir sobre os cenários contemporâ­neos e os cenários de minhas pesquisas. Mas sem me prender a uma tema restrito. Comportame­nto, política... Tudo isso é cultura”, diz ele, que estreia em 30/4.

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