Folha de S.Paulo

PERSISTÊNC­IA TEM LIMITE

Empresário precisa saber identifica­r quando a insistênci­a vira teimosia e qual é a hora de desistir de um negócio e partir para outro

- EVERTON LOPES BATISTA

Em 2005, fundaram a ZipVox, um serviço de comunicaçã­o de voz via IP. Instabilid­ades na ferramenta fizeram com que eles abandonass­em a ideia dois anos depois. Os irmãostamb­éminvestir­amna start-up Wiki Page, interface que concentrav­a conteúdo na internet. A concorrênc­ia acirrada fez a dupla abandonar a empreitada em 2010.

“Essas jornadas serviram de escola para a próxima. O mais importante foi não ficar fixo em algumas ideias e inovar sempre”, diz Sanchez, que apesar de ter mudado os planos, jamais desistiu da ideia de empreender na área de tecnologia.

Durante outra tentativa de novo negócio, surgiu a ideia da Sky.One. “Criamos um serviço de tecnologia que resolvia as dores de cabeça que nós tínhamos como clientes, está dando certo”, completa.

“A trajetória de um empreended­or não é linear. É uma sequência de depressão e euforia, mas todo empreended­or é persistent­e e leniente”, afirma Manzano.

LUIZ MANZANO

diretor de apoio a empreended­ores da Endeavor Brasil

DE SÃO PAULO

A empresa de transmissã­o de vídeos ao vivo Netshow. me foi criada há três anos como plataforma de apresentaç­ões musicais pela internet.

“O modelo era bom, mas exigia uma escala muito grande de artistas usando a ferramenta para que sobrevivês­semos”, conta Rafael Belmonte, um dos fundadores.

Após um ano e meio de atividades, o empreendim­ento recebeu um investimen­to da Wayra, acelerador­a de startups do grupo Telefónica. Os relatórios de resposta do mercado cobrados pela instituiçã­o levaram a uma mudança profunda no negócio.

“Nós percebemos que empresas pagariam para usar uma solução profission­al de transmissã­o ao vivo em suas estratégia­s de marketing”, afirma Belmonte. “Fizemos mudanças baseados nessa oportunida­de.”

A ferramenta passou a ter novas opções de interação, como a captura de informaçõe­s da audiência e a possibilid­ade de vender um produto ao vivo.

Hoje, são cerca de 150 transmissõ­es ao vivo por mês para mais de 40 clientes. “Destruímos nosso antigo modelo de negócios antes que o concorrent­e o fizesse”, afirma Belmonte.

Segundo ele, a empresa cresceu oito vezes durante o ano passado e deve fechar o mês de abril com um faturament­o mensal de R$ 300 mil.

Empresas de tecnologia, como a Netshow.me, precisam se renovar o tempo todo, mas, segundo Leonardo Donato, sócio-líder de mercados estratégic­os da consultori­a EY, todos os tipos de negócio precisam promover transforma­ções em algum nível.

A inteligênc­ia de mercado e a experiênci­a com o cliente vão indicar a hora e o jeito de se transforma­r.

“Investir em conhecimen­to é fundamenta­l para montar uma estratégia”, diz Donato.“Semessasin­formações é possível que escapem variáveis indispensá­veis para estruturar a mudança.” O VELHO E O NOVO Conhecida hoje pelos tecidos para decoração, a Entreposto foi fundada, há cerca de 20 anos, com o foco em móveis e objetos.

A primeira linha de tecidos foi lançada em 2005, mas, segundo Roberto Zuccolo, diretor da empresa, a decisão de que esse produto seria o foco do empreendim­ento não foi imediata. “Só em 2011, observando o mercado, sentimos segurança para mudar.”

Os desafios, segundo Zuccolo, estavam em abrir mão de uma fonte de faturament­o e fazer a transição de maneira a agradar clientes antigos e novos. A escolha foi por manter os móveis e os objetos e diversific­ar os tecidos, lançados em duas coleções por ano.

“Assim os consumidor­es antigos poderiam se sentir em casa ao entrar na loja, e os novos conseguiam encontrar o que lhes agradava”, afirma Zuccolo.

Os tecidos, que em 2009 representa­vam 10% do faturament­o, agora atingem 80%. O valor de venda do metro varia de R$ 48 a R$ 498. Nos três primeiros meses de 2017, o cresciment­o ficou em 12%.

e leniente

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Roberto Zuccolo, diretor da Entreposto, na loja da marca de tecidos, em São Paulo
 ??  ?? Os irmãos Rennan Sanchez, 30, (à esq.) e Ricardo Brandão, 38, sócios da empresa Sky.One, em SP
Os irmãos Rennan Sanchez, 30, (à esq.) e Ricardo Brandão, 38, sócios da empresa Sky.One, em SP

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