Folha de S.Paulo

Famílias sofrem violência há 13 anos, diz igreja

Massacre na semana passada deixou nove trabalhado­res rurais mortos em Mato Grosso

- MARCELO TOLEDO

As famílias da gleba Taquaruçu do Norte, na área rural de Colniza (MT), sofrem violência desde 2004. É o que afirma comunicado da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT) sobre a chacina que resultou em nove mortes na cidade, na última quarta (19).

No texto, os religiosos expressam “dor, indignação e solidaried­ade” com as vítimas do ataque. “As famílias de agricultor­es da gleba Taqua- ruçu vêm sofrendo violência desde 2004 [...] Em 2007, ao menos dez trabalhado­res foram vítimas de tortura e cárcere privado e, neste mesmo ano, três agricultor­es foram assassinad­os”, diz trecho.

Os corpos estavam em estado de decomposiç­ão, de acordo com a Polícia Civil. Das nove vítimas, duas foram mortas com o uso de facão; as outras sete, com tiros de arma calibre 12. Ainda conforme a polícia, os homens foram amarrados e torturados antes de serem mortos.

O comunicado ainda afirma que a violência dos últimos anos aponta para uma “perspectiv­a desoladora no campo”: “Diversos políticos expõem abertament­e seus discursos de ódio e incitação à violência contra as comunidade­s que lutam pelos seus direitos. Vivemos um clima de ‘terra sem lei’”.

Os corpos foram enterrados neste domingo (23). Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, foram identifica­dos Izaul Brito dos Santos, 50, Ezequias Santos de Oliveira, 26, Samuel Antônio da Cunha, 23, Francisco Chaves da Silva, 56, Aldo Aparecido Carlini, 50, Edson Alves Antunes, 32, Valmir Rangeu do Nascimento, 55, e Sebastião Ferreira de Souza, 57 —este, pastor da igreja Assembleia de Deus. Apenas uma vítima ainda não havia sido identifica­da. Colniza fica a 1.065 km de Cuiabá.

Não há pistas dos criminosos. A hipótese de que conflitos agrários sejam a motivação é a principal levantada por familiares dos mortos.

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Odoc Corpos de vítimas de massacre ocorrido em Mato Grosso

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