Ex-ministro se torna o nome ‘oficial’ do establishment
Meritocracia
NAS MANCHETES digitais francesas, Emmanuel Macron, se já não era, virou o candidato do establishment.
O jornal “Le Monde”, na centro-esquerda, destacou que o ex-ministro da economia recebeu o apoio dos candidatos dos partidos tradicionais, Fillon e Hamon. O “Le Figaro”, na centro-direita, destacou que Fillon —terceiro colocado e seu preferido— defendeu votar em Macron “contra Marine Le Pen”. O “Libération”, mais à esquerda, embora seja do mesmo grupo do “Figaro”, também se concentrou nos apoios.
Também o canal internacional de notícias France 24, que é estatal. A Agence France-Presse, igualmente estatal, despachou que “Macron é favorito contra Le Pen no segundo turno”, dados os apoios que recebeu —embora “com a exceção notável de Mélenchon”, o quarto colocado, da extrema esquerda.
A AFP acrescentou por fim que o impopular presidente François Hollande resolveu apoiar Macron “oficialmente”.
Há um século Do “Wall Street Journal” ao “El País”, a cobertura externa sublinhou que a revelação que mudou a eleição foi de um jornal que nem tem presença on-line. Foi o “Le Canard Enchaîné” que reportou que Fillon, então favorito, havia empregado a mulher. “Nós investigamos, como fazemos há um século, um político que estava bradando honestidade”, explicou o jornal.
‘La caste’ Da revista francesa “Le Point” ao britânico “The Guardian”, procura-se entender o que tornou Le Pen viável. No título da primeira, “Como Le Pen se tornou Marine”, como diluiu sua origem fascista. Para o segundo, ela fez caminho semelhante ao de Donald Trump, antagonizando o que chama de “sistema político-midiático” —ou, para simplificar, “la caste”, a casta.
Desbaratada A Bloomberg reporta que na Alemanha a extrema direita foi “desbaratada, desafiando a tendência Trump”, de vitória ultranacionalista. Frauke Petry, a líder da Alternativa para a Alemanha, chegou a se encontrar com Marine Le Pen, prenunciando uma tomada da Europa pelo grupo, mas as pesquisas indicam que o sonho minguou —e ela nem será candidata.
A mais forte Trump, pelo Twitter e em entrevista à Associated Press, mal disfarçou a torcida por Le Pen. Em suma, defendeu que o ataque em Paris favoreceria a candidata “porque ela é a mais forte em relação às fronteiras”, como ele em relação ao México, “a mais forte em relação ao que está acontecendo na França”.
A “New Yorker” fez “binge-watching” com a série “3%”, na Netflix, que “se parece inicialmente com as distopias adolescentes” do cinema. “Mas, no correr dos episódios, ela se prova mais sombria e ressoa de maneiras desconfortáveis o presente na América”, afirma a crítica “Um thriller brasileiro que expõe o lado sinistro da meritocracia”.