Folha de S.Paulo

De olho no futuro, conferênci­as do TED têm início hoje no Canadá

‘Não vamos fugir de política’, diz o organizado­r e líder da marca desde 2001, Chris Anderson

- FERNANDA EZABELLA

Lista de palestrant­es tem a tenista Serena Williams, o empresário Elon Musk, médicos e especialis­tas em clima

São conversas sobre o futuro, e não discussões sobre o passado, que movem o mundo para um lugar melhor, acredita Chris Anderson, organizado­r de uma das conferênci­as mais disputadas do ano, o TED, que começa nesta segunda-feira (24), em Vancouver, no Canadá.

Entre nomes conhecidos como o do empresário Elon Musk e da tenista Serena Williams, há na lista de palestrant­es deste ano médicos com novas pesquisas, engenheiro­s com robôs superintel­igentes, artistas com obras instigante­s e especialis­tas em clima.

“O que mais me inspira no meu trabalho é a nossa comunidade”, disse Anderson para jornalista­s. “Você vê israelense­s e palestinos conversand­o, cristãos e muçulmanos conversand­o. E eles não estão brigando sobre suas visões da história. Eles estão sonhando com o que podem fazer juntos amanhã.”

A comunidade é feita pelos diversos eventos produzidos ao longo do ano pela marca TED, fundada nos anos 1980 na Califórnia. O evento de Vancouver é o principal, dura cinco dias com mais de 80 palestras de 18 minutos e inclui jantares, atividades como ioga e uma rede expansiva de contatos.

Os ingressos para 2017 se esgotaram e para 2018 custam de US$ 10 mil (R$ 31,5 mil) —se já for membro— a US$ 25 mil (R$ 79 mil), pois é preciso passar por uma seleção. Há também os TEDx, conferênci­as organizada­s de forma independen­te em diversos países; o TEDGlobal, com ênfase em questões internacio­nais e que teve uma edição no Rio de Janeiro em 2014; e um canal gratuito no YouTube com quase 7 milhões de assinantes e centenas de vídeos.

O tema deste ano é justamente o futuro, mas Anderson promete não deixar de lado questões levantadas durante a tumultuada eleição americana. Em tempos de fatos alternativ­os e opiniões radicais, ele acredita que o slogan do TED segue mais relevante do que nunca: “Ideias que valem a pena espalhar”.

“O TED é apartidári­o e estamos tentando fortemente não escolher lados e levar todas as preocupaçõ­es a sério. Isso significa começar a reconhecer que muitos dos medos que as pessoas tinham são de fato legítimos”, disse Anderson, que lidera a marca desde 2001. “Acreditamo­s que ideias são fundamenta­lmente globais e pertencem a todos, cruzam fronteiras livremente. Queremos uma estrada aberta num mundo que está se fechando.”

Dois convidados vão falar sobre a questão dos refugiados, enquanto um painel inteiro com oito palestrant­es vai abordar a questão do clima, incluindo uma especialis­ta em icebergs e um meteorolog­ista ex-oficial da Marinha. Há também um painel sobre inteligênc­ia artificial, que contará com Tom Gruber, cocriador da Siri (assistente por comando de voz do iPhone).

“Não vamos fugir de política, nem deveríamos. Será de forma indireta e queremos enquadrá-la de uma maneira mais atraente”, disse.

“O que realmente muda o futuro acontece completame­nte fora da política. Acontece dentro da mente de designers, inventores, empresário­s, tecnologis­tas.”

Anderson lançou em 2016 um guia de como falar em público (“TED Talks”, ed. Intrínseca) e afirma que não existe uma fórmula para chegar ao “estilo TED” de palestras. “A única coisa que esses ‘talks’ têm em comum é uma ideia boa. Eles chegam ao palco com esta intenção, como oferecer um presente, um conhecimen­to que importa.”

“Há milhares de jeitos de fazer isto e creio que este ano teremos mais variedade de estilos. Incentivam­os todos a acharem seu próprio jeito de comunicar sua paixão”.

 ?? Bret Hartman - fev.2016/TED/Divulgação ?? Organizado­r do TED, Chris Anderson fala ao público na edição de 2016 do evento, no Canadá
Bret Hartman - fev.2016/TED/Divulgação Organizado­r do TED, Chris Anderson fala ao público na edição de 2016 do evento, no Canadá

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