Folha de S.Paulo

Após polêmica, Jô volta a marcar em clássico

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Corinthian­s e Ponte Preta vão reviver exatamente 40 anos depois uma das finais mais marcantes da história do Campeonato Paulista.

O time campineiro garantiu vaga na final deste ano ao eliminar o Palmeiras sábado (22). A equipe da capital avançou após despachar o São Paulo neste domingo (23).

Os jogos deverão ser realizados nos dias 30 de abril e 7 de maio, em locais a serem confirmado­s pela FPF (Federação Paulista de Futebol) nesta segunda-feira (24).

Como fez melhor campanha na soma das três fases, o Corinthian­s deve jogar a segunda partida no Itaquerão.

Há 40 anos, o Corinthian­s sagrou-se campeão após três jogos —todos realizadas no Morumbi— e pôs fim a um jejum de 23 anos sem título.

Dos três duelos, dois foram vencidos pela equipe dirigida por Oswaldo Brandão.

A decisão de 1977 teve herói de um lado e vilão do outro. Pelo Corinthian­s, Basílio fez o gol do título aos 36 minutos do segundo tempo, no terceiro jogo da final (1 a 0).

Na mesma partida, o atacante Rui Rei foi expulso aos 16 minutos da etapa inicial por reclamar acintosame­nte de falta com o árbitro Dulcídio Wanderley Boschilia.

Quatro meses depois, o jogador foi anunciado como novo reforço do Corinthian­s.

A negociação gerou polêmica sobre um comprometi­mento dele naquela decisão. IGUAIS E DIFERENTES “O sabor daquele gol do título é o mesmo para toda a nação corintiana. É muito valorizado, já que o Corinthian­s não era campeão havia 23 anos”, afirmou Basílio.

Ele vê o Corinthian­s atual com algumas semelhança­s ao time campeão de 1977.

“São épocas distintas, mas este time do Corinthian­s tem

DICÁ

meia da Ponte Preta que disputou a final do Campeonato Paulista de 1977 a mesma pegada e postura. Entrou desacredit­ado na competição, mas superou os obstáculos”, completou.

Dicá, 69, principal ídolo da torcida pontepreta­na, disse que seu time era muito mais técnico do que o atual.

“Em 1977, o Corinthian­s tinha mais brio e força física. O único diferencia­l era Palhinha. Já a Ponte Preta era mais técnica desde o sistema defensivo até o ofensivo e estava em um estágio superior.”

“Hoje, a Ponte tem um fator que pode ser decisivo que é a marcação e a qualidade para sair jogando. O [técnico Gilson] Kleina ajeitou a equipe e a chegada do Fernando Bob ajudou a dar mais equilíbrio”, disse o ex-camisa 10.

Revelado na base da Ponte Preta e com passagens pela seleção brasileira, o ex-zagueiro Oscar, 62, concorda com o companheir­o. “Tínhamos um time mais técnico e agora temos uma equipe que marca mais forte, que é determinad­a. Já o Corinthian­s é bem parecido com o de hoje.”

Dicá ainda isentou Rui Rei de qualquer culpa. “Naquela decisão, a arbitragem atrapalhou muito a gente. O Dulcídio intimidou o Rui Rei antes de o jogo começar. Estava próximo e presenciei.”

A Folha tentou falar com o atacante, sem sucesso.

Além da final de 1977, Corinthian­s e Ponte Preta também foram finalistas do Paulista dois anos depois. Como na primeira disputa, a equipe da capital faturou o título após três jogos —obteve duas vitórias e um empate.

“Em 1979, o Corinthian­s estava melhor do que a Ponte. Tinha valores individuai­s que decidiam uma partida, e nossa equipe não manteve a mesma base”, comentou Dicá.

Maior campeão do Paulista, o Corinthian­s busca seu 28º título. A Ponte Preta tenta a sua primeira grande conquista. O time foi vice também em 1970, 1981 e 2008.

“Todos aguardam com ansiedade este título”, disse Dicá. “É uma grande oportunida­de. A Ponte Preta melhorou muito administra­tivamente. Acredito que chegou a hora”, completou Oscar.

DE SÃO PAULO

O Corinthian­s garantiu vaga na decisão do Paulista após empatar com o São Paulo em 1 a 1, neste domingo (23), no Itaquerão, na segunda partida da semifinal do torneio.

Novamente, o gol corintiano foi feito pelo atacante Jô, 30. Ele já havia marcado no jogo anterior entre os dois times, quando o clube venceu por 2 a 0, no Morumbi, e também nas vitórias sobre Santos e Palmeiras, pela fase de classifica­ção do Estadual.

Seu gol gerou polêmica no clássico. Nos acréscimos do primeiro tempo, Jadson cobrou falta e Jô, em posição de impediment­o, desviou para o gol. O trio de arbitragem, no entanto, considerou que o argentino Pratto tocou na bola antes de chegar ao atacante corintiano, anulando o impediment­o. Os sãopaulino­s protestara­m.

Até mesmo a presença de Jô na partida foi antecedida de polêmica. O camisa número 7 só atuou porque o zagueiro são-paulino Rodrigo Caio corrigiu erro do juiz na partida de ida da semifinal.

Ele havia dado cartão amarelo para o atacante, que estaria suspenso neste domingo, por uma falta que não havia cometido.

A classifica­ção diminui um pouco a pressão sobre a equipe após a eliminação na Copa do Brasil, na última quarta (19), para o Internacio­nal, no Itaquerão.

Já o São Paulo foi eliminado pela segunda vez em quatro dias. Na quarta, caiu na Copa do Brasil diante do Cruzeiro.

Contra o Corinthian­s, a equipe tricolor tentou propor o jogo, mas não conseguiu passar pela defesa rival e pouco criou para um time que precisava vencer por pelo menos dois gols de diferença para decidir nos pênaltis. O único gol do time do Morumbi foi marcado por Lucas Pratto, aos 37 min do segundo. (LC)

Em 1977, o Corinthian­s tinha mais brio e força física. O diferencia­l era o Palhinha. Já a Ponte Preta era mais técnica desde o sistema defensivo até o ofensivo e estava em um estágio superior. Hoje, a Ponte tem um fator que pode ser decisivo que é a marcação

 ?? Ronny Santos/Folhapress ?? O zagueiro Balbuena e o atacante Jô comemoram gol do Corinthian­s no empate em 1 a 1 contra o São Paulo no Itaquerão
Ronny Santos/Folhapress O zagueiro Balbuena e o atacante Jô comemoram gol do Corinthian­s no empate em 1 a 1 contra o São Paulo no Itaquerão

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