Folha de S.Paulo

Viagem para o dia 3 e não conseguiri­am ter fundos para gastar numa nova investida uma semana depois.

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O juiz Sergio Moro, responsáve­l pela Lava Jato em Curitiba, decidiu mudar a data do depoimento do ex-presidente Lula, que estava previsto para 3 de maio. O pedido de adiamento foi protocolad­o junto à Justiça Federal nesta segunda-feira (27) por Rosalvo Franco, superinten­dente da Polícia Federal do Paraná.

Há cerca de duas semanas aconteceu uma reunião informal entre Moro e a cúpula da PF na qual o juiz confirmou que acataria a solicitaçã­o.

A informação foi antecipada pela Folha.

A PF argumentou que precisaria de mais tempo para organizar a segurança no local e que o feriado de 1º de maio dificultar­ia a operação.

O novo dia previsto para o depoimento é 10 de maio. Segundo relatos obtidos pela reportagem, na conversa com Moro ficou acertado que o adiamento só se tornaria público no fim do mês de abril.

Até o fechamento desta edição o magistrado não manifestar­a nos autos sua decisão.

Wagner Mesquita, secretário de segurança do Paraná, também pediu prorrogaçã­o da oitiva ao juiz. Ele citou “o possível deslocamen­to de movimentos populares para a capital paranaense em virtude da semana de comemoraçã­o do Dia do Trabalhado­r”, o que poderia “gerar problemas de segurança pública, institucio­nal e pessoal”.

O PT e movimentos alinhados ao partido preparavam forte mobilizaçã­o para apoiar o ex-presidente.

Monitorame­nto feito pela polícia aponta que cerca de 50 mil pessoas devem se deslocar até a sede da Justiça Federal para apoiar Lula. Também havia previsão de atos contra o ex-presidente.

A Folha apurou que um dos objetivos era manter em segredo a mudança de agenda para tentar esvaziar os movimentos sociais que se deslocaria­m à capital paranaense para dar apoio ao petista na próxima semana.

Se a nova data fosse divulgada de última hora, os policiais acreditava­m que os grupos de apoio a Lula já teriam comprometi­do verbas com a TRÍPLEX Lula será ouvido na ação em que é acusado de ter recebido vantagens indevidas da empreiteir­a OAS. Entre elas estaria um tríplex em Guarujá (SP) que seria destinado à família do petista. Na denúncia apresentad­a a Moro, os procurador­es afirmam que o ex-presidente recebeu R$ 3,7 milhões em propinas pagas pela OAS oriundas de contratos da Petrobras.

Segundo a acusação, o dinheiro foi investido na reforma do tríplex em um empreendim­ento da OAS.

Léo Pinheiro, sócio da empresa, disse a Moro que o apartament­o pertencia a Lula. Ele entregou aos procurador­es, com que negocia delação, documentos para tentar comprovar as afirmações de que o ex-presidente foi beneficiad­o pela reforma.

Nesta segunda, em Brasília, Lula disse não estar preocupado com a data de seu depoimento. “A hora que ele marcar, estarei em Curitiba.”

O petista afirmou que a prova que existe contra ele no caso é “um pedágio” e que está na hora de “parar o falatório” e “provar” que ele recebeu dinheiro de forma ilegal.

Entre os documentos entregues estão o registro de que dois carros em nome do Instituto Lula passaram pelo sistema automático de cobrança dos pedágios a caminho de Guarujá entre 2011 e 2013. Não há, no entanto, informaçõe­s que comprovem que as viagens tiveram como destino o apartament­o investigad­o. (BELA MEGALE, MARINA DIAS E DANIELA LIMA)

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Pedro Ladeira/Folhapress O ex-presidente Lula em evento organizado pelo PT, em Brasília, para discutir propostas para a economia brasileira

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