Folha de S.Paulo

Médico ganha US$ 1 mi para plataforma global de saúde

Raj Panjabi, da Libéria, fundou a Last Mile Health, que treina profission­ais de saúde em comunidade­s pobres

- FERNANDA EZABELLA

Quando Raj Panjabi decidiu voltar para a Libéria, onde cresceu, o país se recuperava de uma guerra civil e tinha apenas 54 médicos para uma população de 4 milhões.

Formado em medicina nos EUA, para onde a família fugiu no início do conflito, ele começou a ajudar comunidade­s rurais, as mais afetadas pela falta de atendiment­o.

Foi com os US$ 6.000 (R$ 19 mil) que ganhou de casamento que Panjabi montou sua primeira equipe na Libéria para treinar, equipar, empregar e gerir membros da comunidade para fornecerem serviços básicos de saúde.

O resultado é a Last Mile Health, organizaçã­o que em dez anos atendeu dezenas de milhares de pacientes e ajudou a treinar 1.300 pessoas para acabar com o ebola.

Nesta semana, Panjabi recebeu um presente maior: US$ 1 milhão. O TED Prize é um prêmio dado anualmente pela mesma organizaçã­o sem fins lucrativos que faz os TED Talks, que acontecem em Vancouver até sexta (28).

A ideia é prestigiar projetos com potencial de resolver grandes problemas envolvendo a comunidade TED.

“Sempre foi verdade que doenças são universais, e o acesso a saúde não”, disse o médico, eleito uma das cem pessoas mais influentes pela revista “Time”. “Via gente morrer de coisas que não deveriam [matar] em pleno século 20. E isso ocorre não só na Libéria, mas com gente em Dakota do Sul ou no Brasil.”

Com o prêmio, Panjabi quer criar a Community Health Academy (academia de saúde comunitári­a), plataforma global para treinar, apoiar e conectar trabalhado­res da área de saúde.

“A hora é agora para a revolução da educação digital ir ao encontro da revolução da comunidade de trabalhado­res da saúde”, disse Panjabi, filho de pais indianos e médico associado da Harvard Medical School. “Queremos empoderar milhares de membros comunitári­os da área de saúde (...). Podemos salvar 30 milhões de vidas até 2030.”

Além de ferramenta­s de educação online, Panjabi quer usar a tecnologia de celulares para monitorar funcionári­os, com enfermeira­s fazendo auditorias aleatórias, e também em testes baratos de diagnóstic­os, como um que custa US$ 1 para detectar malária. “Com tanta gente com medo de perder o emprego por causa da tecnologia, estamos criando empregos com o uso de tecnologia.”

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Global Forum O médico Raj Panjabi

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