MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS
DE SÃO PAULO
Espaço de reflexão social, o documentário se presta a apresentar questões de ontem e de hoje, elaboradas, se possível, a partir de relatos em primeira pessoa.
É o que a diretora Sandra Werneck (“Cazuza, o Tempo Não Para” e “Meninas”) faz com um tema transversal na história, mas que só ganhou relevo e urgência no debate contemporâneo.
“Mexeu Com Uma, Mexeu Com Todas” adota como título o slogan das ruas e a hashtag das redes criada pelo movimento feminista e, com ele, aborda a violência contra a mulher nas suas mais variadas formas a partir da voz de suas vítimas.
Com depoimentos de mulheres conhecidas e anônimas, ricas e pobres, brancas e negras que compartilham histórias de agressões, de medo e de culpa, o filme expõe o controle, a ameaça e a violência psicológica, revela o abuso sexual infantil e o estupro, mesmo dentro do casamento, denuncia o espancamento, o tiro e a morte.
O longa traz dois casos de mulheres que emprestaram seus nomes a leis criadas para proteger vítimas deste tipo de violência: a farmacêutica cearense Maria da Penha e a nadadora pernambucana Joanna Maranhão.
A primeira, condenada à cadeira de rodas após levar um tiro nas costas do próprio marido, que mesmo condenado seguia em liberdade, deu origem à lei criada para aumentar o rigor das penas para crimes de violência doméstica e criar mecanismos de proteção da mulher.
Já a atleta Joanna Maranhão conta ter sido abusada sistematicamente por seu treinador ainda criança. Quando reuniu clareza sobre o ocorrido e coragem para buscar reparação, o crime já havia prescrito, portanto, não havia possibilidade de punição.
A lei que leva seu nome faz com que o prazo para prescrição deste tipo de crime só comece a contar quando a vítima completar 18 anos.
A modelo Luiza Brunet e a escritora Clara Averbuck também compartilham suas histórias de violência e as cicatrizes que elas deixaram em suas vidas para sempre.
Foi assim com a cabeleireira Alessandra, que perdeu a irmã num atropelamento intencional que tinha ela como alvo e o ex-marido no volante. Também com a professora Aline, estuprada dentro da própria casa por um vizinho e humilhada pelo delegado de plantão.
Em comum, além da vulnerabilidade, essas mulheres estão imersas no mesmo cenário perverso: um país onde, a cada hora, cinco mulheres são estupradas e outras 500 são agredidas fisicamente chamado Brasil.
Ao intercalar os relatos íntimos dessas mulheres com cenas das recentes manifestações feministas que tomaram as ruas do país com cartazes e palavras de ordem, “Mexeu Com Uma, Mexeu Com Todas” joga luz numa questão social há muito encoberta e desassistida que, amparada na força do grupo, parece não querer mais calar.
Com isso, mapeia parte do processo de transformação de um tabu em grito de guerra. DIREÇÃO Sandra Werneck PRODUÇÃO Brasil, 2017, 12 anos QUANDO hoje, às 21h, e em 28/4, às 15h, ambas no Cinearte (SP) AVALIAÇÃO bom
‘A Batalha de Florange’
Documentário mostra trabalhadores valendose de todas as formas de resistência e de luta para salvar a siderúrgica indianobritânica Arcelor-Mittal, em Florange (França), entre os anos de 2012 e 2013.
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Onde ‘Tudo é Irrelevante. Helio Jaguaribe’
Reavalia o legado de Helio Jaguaribe, 94, cientista político que participou da elaboração da identidade brasileira e que sonhou com o estabelecimento de uma sociedade mais justa e igualitária
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Onde ‘No Tempo que Chegará’
Em Singapura, a cineasta Tan Pin Pin acompanha a preparação de uma cápsula do tempo com objetos representativos desta era para o futuro. Ao mesmo tempo, processa-se a abertura de uma antiga cápsula
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Onde