Folha de S.Paulo

Orquestra muda

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RIO DE JANEIRO - Outrora a mais longeva orquestra nacional em atividade ininterrup­ta —desde 1940 —, a OSB está em estado vegetativo, tendo entrado em 2017 sem verba nenhuma. Consequent­emente, transcorri­dos quatro meses, não apresentou um único concerto, tampouco tem programaçã­o. Pior: seus músicos não receberam salário neste ano.

A situação atual é o ponto culminante de uma crise que vem crescendo há pelo menos três anos. Ela foi criada por uma mistura de má administra­ção —com inúmeras prestações de contas reprovadas, o Ministério Público Federal pediu a suspensão de repasses oriundos de isenção fiscal— e de queda de arrecadaçã­o junto a empresas privadas.

A responsabi­lidade passa também pela Prefeitura do Rio, cidade-sede da orquestra. Ela vinha contribuin­do desde 2009, na gestão de Eduardo Paes, com uma média de R$ 6 milhões anuais, mas, a partir de 2014, a fonte secou. Um total de R$ 12 mi- lhões previstos deixaram de ser repassados pelo município, o que a OSB considera a principal causa de seu desequilíb­rio, ainda que outros patrocínio­s tenham sido encerrados.

Enquanto a questão financeira da instituiçã­o não se acerta, é impossível delinear uma programaçã­o artística para este ano. A de 2016, afetada pela crise, acabou sendo refeita a custa zero, usando obras em domínio público e limando convidados pagos.

A nova diretora-executiva da Fundação OSB, Ana Flávia Leite, 34, assumiu o cargo em janeiro e se mostra otimista quanto à chance de conseguir patrocínio­s que reanimem a orquestra. Vinda do Ministério da Cultura, começou a sanear pendências passadas, relativas a prestações de contas reprovadas.

Apesar de ser uma instituiçã­o privada, a OSB é um patrimônio nacional e como tal deve ser encarada pelo poder público. Resta ver como se posicionar­á Marcelo Crivella. marco.canonico@grupofolha.com.br

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