Justiça não tem resposta para todos os males, afirma Deltan Dallagnol
Para procurador da Lava Jato, que está lançando livro, Brasil precisa de reformas para avançar
Questionado sobre erros da operação, chefe de força-tarefa diz que todas as ações seguiram Constituição
Coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol diz que a operação não vai salvar a pátria. De nada adianta retirar “maçãs podres” sem atacar “o que as faz apodrecer”.
No livro “A Luta contra a Corrupção”, lançado nesta quarta (26) em Curitiba, ele contemporiza altos e baixos do trabalho que já dura três anos e não tem previsão de fim —os reveses vão da polêmica apresentação no Power Point sobre o ex-presidente Lula (a repercussão negativa o “pegou de surpresa”) à prisão do ex-ministro Guido Mantega no hospital que tratava o câncer de sua mulher.
Uma das maiores ameaças à Lava Jato, contudo, esmoreceu no mesmo dia, quando o Senado rejeitou uma lei de abuso de autoridade que “abriria a temporada de caça” ao Judiciário.
Folha - O sr. narra várias frustrações no decorrer da Lava Jato. Qual foi a maior delas?
Deltan Dallagnol - to pelo Ministério Público Federal] no Congresso. Não só porque elas tinham sido desfiguradas. A maior parte das medidas afastadas foi substituída por um projeto que buscava cercear a independência do Judiciário, a ponto de inviabilizar as investigações, o que nos fez mostrar para a sociedade que, se aquela proposta fosse aprovada, disfarçada de “lei de abuso de autoridade”, não conseguiríamos manter o trabalho. sobretudo o PT.
No início, atingiu mais PT, PMDB e PP. Por quê? Eram os partidos que colocaram os diretores da Petrobras nas áreas em que foi identificada corrupção. Na medida em que a Lava Jato se espalhou, com colaborações de empresas que trabalhavam em outras esferas, natural que tenha superado mais de 20 partidos e 400 políticos. Você dizer que a Lava Jato tinha atuação partidária é construir teoria da conspiração. Atuam nela centenas de agentes públicos. Ideia de partidarização implicaria que pessoas concursadas, sem nenhuma vinculação política, estivessem em conluio para prejudicar partido A ou B. Citação A força-tarefa achou numa agenda de Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, citação de Millôr Fernandes (‘acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder’) Youssef Em mar.14, a PF soube que o doleiro estava em São Luís (MA). Telefonaram para todos os hotéis, sem se identificar. Ao encontrá-lo, o agente desligou. Youssef, intrigado, ligou de volta. Caiu no número da PF e, percebendo com quem falava, disse: ‘Desculpe, foi engano’. Foi preso no dia