Maioria das isenções no Rio são inconstitucionais
Entre os benefícios fiscais do Rio de Janeiro, cerca de 77,5% são inconstitucionais, por não terem sido aprovados pelo Confaz (órgão federal de política fazendária), segundo o Ministério Público carioca.
A porcentagem se refere às isenções concedidas em 2015 —desde então, o cenário não teve grandes variações, de acordo com tributaristas.
“A maioria dos benefícios no país não têm aval do Confaz. É uma prática difundida, não só o Rio”, afirma Vinicius Jucá, sócio do TozziniFreire.
A própria secretaria da Fazenda do Rio disse, em nota, “que o Estado adota os mesmos preceitos das demais unidades da federação”.
Pela Constituição, para que um benefício fiscal seja aprovado, é preciso unanimidade entre os Estados, o que é raro, diz Maucir Fregonesi Júnior, sócio do Siqueira Castro.
Na prática, muitas isenções são liberadas mesmo com votos contrários, ou unilateralmente pelos Estados, afirma.
Nesses casos, ocorre a contestação judicial e a anulação, mas as decisões do Supremo Tribunal Federal não têm exigido que a empresa devolva o valor do benefício.
“Esse entendimento estimula a prática. As companhias sabem da insegurança jurídica, mas julgam que vale a pena”, diz Tathiane Piscitelli, professora da FGV-SP.
Recentemente foi aprovado na Câmara o regime de urgência de um projeto que tira a exigência de unanimidade.
A pauta havia ganhado força devido a um impasse que vinha travando a renovação de isenções de ICMS no país, pois o Rio estava judicialmente impedido de aprovar benefícios. O imbróglio, porém, foi resolvido nesta semana. Por quê? Mesmo impostos estaduais têm impacto federal. Um dos objetivos é evitar guerra fiscal R$ 138 bilhões é o valor que o Rio deixou de recolher devido a isenções entre 2008 e 2013