Folha de S.Paulo

Operação da PF mira lavagem de dinheiro e evasão de divisas

Dono de posto que foi preso na Lava Jato é um dos alvos da Perfídia

- BELA MEGALE

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (26) a Operação Perfídia, que tem como alvo um grupo supostamen­te especializ­ado em lavagem de dinheiro, blindagem patrimonia­l e evasão de divisas, com ramificaçõ­es em ao menos cinco países.

A suspeita é que possíveis integrante­s da organizaçã­o fizessem operações não autorizada­s de câmbio, além de dissimular a compra de imóveis de alto valor e promover evasão de divisas.

Para isso, segundo os investigad­ores, eles usavam “laranjas” e falsificav­am documentos públicos, especialme­nte certidões de nascimento emitidas em cartórios no interior do Brasil.

A PF afirma que os integrante­s centrais desse grupo eram donos de postos de gasolina, de agências de turismo e de lotéricas, que lavavam dinheiro por meio da compra fraudulent­a de imóveis e de ativos.

Em uma das operações, ainda de acordo com a investigaç­ão, a transação chegou a R$ 65 milhões.

A suposta organizaçã­o criminosa contava ainda com apoio de advogados, contadores, serventuár­ios de cartórios, empregados de concession­árias de serviços públicos e até de um servidor da Polícia Federal, afirmou a PF.

Em 2016, uma ação em endereços ligados aos principais investigad­os encontrou documentos que apontam para uma offshore. Essa empresa, controlada pela organizaçã­o no exterior, pode ter realizado movimentaç­ões que excedem US$ 5 bilhões.

As investigaç­ões começaram, segundo a polícia, a partir de uma prisão em flagrante na imigração do aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, em agosto de 2016.

Foram emitidos 103 mandados no Distrito Federal e em 11 Estados: Bahia, Maranhão, Minass, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pará, Piauí, Paraná, Rio, São Paulo e Tocantins.

São 53 mandados de busca e apreensão, 46 de condução coercitiva e dois de prisão temporária. Quem decretou as medidas foi o juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal.

Houve condução coercitiva de Carlos Habib Chater (um dos primeiros presos da Lava Jato), dono do Posto da Torre. Alguns dos alvos de prisão são Claudia Chater, prima de Habib Chater, e um de seus funcionári­os, Edvaldo Pinto.

A reportagem não conseguiu contato com os alvos da operação.

O nome Perfídia “é uma referência à traição e à deslealdad­e dos integrante­s do núcleo duro da organizaçã­o criminosa com o país”.

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Marivaldo Oliveira/Codigo19/Folhapress Policiais na Operação Perfídia, em SP; esquema tem ramificaçõ­es em 5 países, diz a PF

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