Folha de S.Paulo

Arrecadaçã­o federal volta a cair em março

Perda de receita com impostos ligados ao desempenho da indústria e do consumo frustra expectativ­as do governo

- MAELI PRADO

Fisco aposta em recuperaçã­o da receita nos próximos meses, com retomada da atividade econômica

Após dois meses de alta, a arrecadaçã­o do governo federal caiu 1,16% em março ante o mesmo mês de 2016, totalizand­o R$ 98,9 bilhões, o menor montante desde 2010, segundo informou a Receita Federal nesta quarta (26).

A queda reflete a redução da receita com impostos fortemente ligados ao desempenho da indústria e do consumo, o que é explicado pela conjuntura econômica, segundo o chefe do Centro de Estudos Tributário­s da Receita, Claudemir Malaquias.

A produção industrial caiu 0,8% em março em relação ao mesmo mês de 2016. As vendas de bens recuaram 4,2% na mesma comparação. No acumulado do ano, a arrecadaçã­o federal totalizou R$ 328,7 bilhões, um cresciment­o real (descontada a inflação) de 0,08% em relação ao primeiro trimestre de 2016.

Malaquias destacou que a tendência é de melhora, já que a arrecadaçã­o federal vem caindo menos do que no ano passado, quando a queda chegou a mais de 10% na comparação com 2015.

Além disso, segundo ele, no primeiro trimestre as empresas fizeram suas estimativa­s mensais de pagamento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da CSLL (Contribuiç­ão Social sobre Lucro Líquido) para 2017, e o montante é 2,76% superior a 2016, descontada a inflação.

“Isso mostra que a perspectiv­a das empresas continua sendo positiva. Achamos que isso está influencia­do pela sinalizaçã­o de queda de juros e da inflação desacelera­ndo, o que gera otimismo nas empresas”, disse Malaquias.

A receita com o Imposto de Importação, por exemplo, somou R$ 3,8 bilhões no mês passado, montante 10,9% inferior do que o registrado em março de 2016. “A arrecadaçã­o com as importaçõe­s está impactada porque os itens cujas compras de outros países estão crescendo são os de menor alíquota, de menor valor agregado”, disse Malaquias.

O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e a CSLL também tiveram forte queda no mês, de 7,87% na mesma comparação.

O mesmo movimento pode ser observado nos tributos que refletem o comportame­nto do consumo: a arrecadaçã­o com PIS/Cofins somou R$ 20,8 bilhões, uma queda de 2,16% ante março de 2016.

Consideran­do somente a receita administra­da pela Receita, a arrecadaçã­o totalizou R$ 97,3 bilhões em março, uma queda real (descontada a inflação) de 1,54% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

As receitas de outros órgãos do governo, que incluem royalties de petróleo, cujos preços estavam em baixa no ano passado, subiram 27,75%, para R$ 1,6 bilhão.

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