AMOR, SEXO E TINTA
Obra psicodélica e erótica de Teresinha Soares volta aos holofotes em mostra no Masp depois de décadas fora do radar
Carnaval —ácida crítica ao mergulho na violência dos anos de chumbo amortecido por certa alegria tropical, transbordante e corrosiva.
Nesse sentido, Soares estava em sintonia com a vertente nacional da arte pop, indo além de uma reflexão sobre o consumismo e a circulação vertiginosa de imagens publicitárias para orquestrar também um ataque aos desmandos políticos daquela época.
“Na minha vida, nunca teve drama, mas eu sentia uma revolta e me sentia livre. Tinha coragem, não tinha medo”, diz a artista. “Nunca coloquei um selo no que eu faço, mas é claro que tem um aspecto político. Sexo, amor, cama, tudo isso é política. Não é só sexo, mas é a mulher tomando consciência de seu valor.”
O resgate atual de sua obra, que passou as últimas quatro décadas fora do radar, acontece agora, aliás, num momento de revalorização dessa estética, que vem sendo revista pelo circuito como um fenômeno global —Soares teve alguns de seus maiores trabalhos mostrados há dois anos na Tate Modern, em Londres, numa mostra dedicada à arte pop de fora da Europa e dos Estados Unidos.
Essas mesmas telas ressurgem em São Paulo ao lado de uma escultura que a artista criou como espécie de palco para performances e bandejas de madeira com silhuetas de mulheres que ela chegou a encher de arroz, feijão e amendoins para os convidados do vernissage na década de 1970.
Na época, pintinhos de verdade completavam o quadro. “Eles eram machos e ciscavam naquelas mulheres sem mãos, sem pernas, só o corpo”, lembra Soares. “Eram as mulheres como objeto de desejo.” QUANDO abre qui. (27), às 20h; de ter. a dom., 10h às 18h; até 6/8 ONDE Masp, av. Paulista, 1.578, tel. (11) 3149-5959 QUANTO R$ 30, grátis às terças