MILHÕES EM MILHAS
Além de viagens, troca de pontos acumulados no cartão de crédito pode render dinheiro; veja sites e aplicativos que fazem a negociação
FOLHA
“Viaje de avião comprando chicletes.” Há três anos, a propaganda intrigou o funcionário público Aldney Sousa, 29. E fez dele um colecionador obstinado, que junta milhas com faturas de cartão de crédito, gastos em lojas parceiras, contas do dia a dia. O morador de Palmas (TO) acabou de receber R$ 1.016, vendendo 40 mil pontos em um site que negocia milhas. Sua principal meta deixou de ser “viajar de avião”: agora, é trocar os créditos acumulados por dinheiro.
Vender e comprar pontos —ou milhas, dependendo do programa de recompensas usado pelo consumidor— ficou mais prático com o surgimento de sites e aplicativos especializados na transação (veja ao lado). O potencial desse mercado é alto.
Em 2015, os brasileiros adquiriram 185,3 bilhões de pontos e perderam 34% deste total (63,4 bilhões) por falta de uso, segundo levanta- mento do Banco Central com emissores de cartões. De 2010 a 2015, o número de pontos expirados aumentou, em média, 8,5 bilhões por ano.
“O modelo de negócios de fidelização do cliente mudou, existe hoje um valor embutido quando se distribui pontos. Por que as pessoas não podem revendê-los? Se abrem mão, as companhias ficam no lucro”, diz Max Oliveira, presidente da MaxMilhas.
Entre os clientes que usam a plataforma da empresa para vender recompensas, quase a metade (46%) acumulou milhas nos três meses anteriores à transação e apenas 5% tinham algum volume quase expirando. “Estamos criando um público que quer renda”, afirma Oliveira.
Em tempo real, no site ou aplicativo, qualquer vendedor pode pesquisar o ranking de valores pagos por determinada quantidade de milhas e fazer sua oferta.
Na outra ponta, os interessados em compra buscam passagens e selecionam um vendedor. Para efetuar uma transação e garantir a emissão do bilhete, entretanto, é preciso fornecer dados bancários e de acesso ao programa de fidelidade. CRISE E LEGISLAÇÃO A MaxMilhas intermediou 2,3 bilhões de milhas no ano passado, mais do que o dobro movimentado em 2015. A