Folha de S.Paulo

Os números mostram também que a Câmara, o TCU

- MARIANA CARNEIRO MAELI PRADO

Com pouca margem de manobra para cortar gastos, o governo está desidratan­do os investimen­tos públicos. No primeiro trimestre deste ano, houve uma redução de 61%, segundo dados divulgados pelo Tesouro nesta quinta (27).

Os gastos com o PAC (Programa de Aceleração do Cresciment­o), uma das principais vitrines do governo PT —que no mesmo período de 2016 ainda estava no poder—, recuaram 69%. Somado o Minha Casa, Minha Vida, 86%.

Os investimen­tos são parte de um conjunto pequeno de despesas sobre o qual o governo tem controle, as chamadas despesas discricion­árias. Elas representa­m cerca de 15% dos gastos e recuaram 24% no trimestre.

Já os gastos com Previdênci­a e com pessoal (incluindo aí despesas com a aposentado­ria de servidores) subiram 5,2% e 7,1%, descontada a inflação do período.

A secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, afirmou que o ajuste nas despesas tem recaído sobre gastos sobre os quais o governo tem controle, ou seja, não obedecem a regras rígidas de dispêndio.

Segundo ela, isso fez com que essas despesas recuassem, no início deste ano, ao nível observado em 2011.

Já a Previdênci­a ampliou o deficit em cerca de R$ 10 bilhões no trimestre, ante o mesmo período do ano passado, para R$ 40,1 bilhões.

Os números mostram que o resultado fiscal do governo não evoluiu neste primeiro trimestre, em razão de receitas deprimidas pela recessão e de despesas rígidas em alta.

A receita caiu 3,2%, já descontada a inflação, e a despesa caiu mais: quase 5%. Isso fez com o deficit cair levemente no trimestre, de R$ 18,7 bilhões para R$ 18,2 bilhões.

Mas o acumulado em 12 meses ainda mostra deficit de R$ 156,5 bilhões, ou 2,44% do PIB. A meta do governo é reduzir esse número para R$ 139 bilhões ao fim do ano. FURANDO O TETO (Tribunal de Contas da União) e a Defensoria Pública estão “furando” o teto que limita o aumento de gastos, que entrou em vigor neste ano.

No primeiro trimestre, o ritmo de despesas desses órgãos superou o limite de 7,2% previsto para o ano. A Defensoria Pública elevou as despesas em 24% neste trimestre, ante o mesmo período de 2016.

O cumpriment­o do teto só é aferido ao fim do ano, quando as contas fecham. Porém, se o ritmo de aumento de gastos for mantido, outros Poderes poderão ser obrigados a reduzir as despesas para compensar os que gastaram

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