Folha de S.Paulo

Turquia prende mais de cem em protestos do 1º de Maio no país

Maior parte dos manifestan­tes detidos se dirigia à praça Taksim, palco de atos contra Erdogan em 2013

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Polícia usa bombas de gás lacrimogên­eo para dispersar integrante­s de grupos de esquerda que iam para o local

A polícia turca reprimiu protestos do 1º de Maio nesta segunda-feira e prendeu mais de cem manifestan­tes.

Um grupo de cerca de 200 pessoas foi dispersado com gás lacrimogên­eo ao tentar furar o bloqueio de acesso à praça Taksim, em Istambul.

As autoridade­s turcas haviam proibido as concentraç­ões no local, palco de diversas manifestaç­ões contra o presidente Recep Tayyip Erdogan em 2013. A praça tem especial simbolismo para os movimentos de trabalhado­res turcos. Em 1977, 34 pessoas foram mortas ali em um ato de 1º de Maio, atingidas por tiros da vizinhança.

Nesta segunda, a multidão dispersada era composta sobretudo por grupos de esquerda, que exibiam cartazes com lemas contra o governo, como “Longa vida ao 1º de Maio, não ao ditador!”, em referência a Erdogan.

O país está em estado de emergência desde julho de 2016, quando houve uma tentativa de golpe frustrada.

Na maior operação do dia, 165 manifestan­tes foram detidos, a maioria ao tentar chegar à praça. Dois ativistas que furaram o bloqueio policial também foram presos.

Segundo informaçõe­s do governo, outras 18 pessoas foram detidas em operações policiais em Istambul sob suspeita de planejar manifestaç­ões e “atos de violência” —portavam itens como fogos de artifício, coquetéis molotov e máscaras.

A manifestaç­ão oficial do 1º de Maio, por sua vez, reuniu milhares de pessoas nas ruas em Bakirkoy, perto do aeroporto Atatürk, na costa europeia de Istambul. EXPURGO As prisões ocorrem duas semanas após a vitória do “sim” no plebiscito constituci­onal que acaba com o parlamenta­rismo no país a partir de 2019 e aumenta os poderes presidenci­ais de Erdogan.

Após a votação, o governo ampliou o expurgo de funcionári­os públicos, iniciado com a tentativa de golpe em 2016. No sábado, foram demitidos quase 4.000 servidores, incluindo 500 professore­s.

No mesmo dia, o governo anunciou o fim dos programas de amizade e namoro na televisão, por razões morais, e bloqueou o acesso à Wikipedia, acusando o site de promover uma campanha de difamação contra a Turquia.

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Policial conduz manifestan­te detida após tentar se dirigir à praça Taksim, em Istambul

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