Macron quer reforma trabalhista na França
Sindicatos protestam, mas pedem voto em centrista para tentar evitar Le Pen, cujo nacionalismo apela a operários
Manifestações do Dia do Trabalho reúnem mais de 140 mil pelo país e terminam com policial gravemente ferido
Movimentos sindicais torcem, a contragosto, pela vitória de Emmanuel Macron nas eleições presidenciais francesas de domingo (7).
O centrista Macron defende reformas na legislação trabalhista, no que os seus opositores dizem reduzir parte de seus direitos. Mas ele não é Marine Le Pen, a candidata da direita ultranacionalista.
Avessos à plataforma dela, sindicatos convocaram protestos em todo o país no 1º de Maio para tentar impedir sua eleição —pesquisas de intenção de voto a mostram com desvantagem de cerca de 20 pontos para o centrista.
Um gesto semelhante foi feito em 2002 quando JeanMarie Le Pen, pai de Marine e fundador da Frente Nacional, concorreu contra Jacques Chirac. Sindicatos se uniram —mais coesos do que neste ano— contra a candidatura do radical, que foi derrotado.
“Será difícil colocar o nome de Macron na urna, mas nós temos lutado contra Le Pen há muito tempo”, diz à Folha Pascal Debay, dirigente nacional da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), que organizou a passeata mais importante de Paris, na praça da República.
As manifestações, convocadas por diversas entidades, reuniram 142 mil pessoas, 30 mil delas em Paris.
Um grupo de dezenas de manifestantes com pedras e coquetéis-molotov entrou em confronto com as forças de segurança na capital. Um policial sofreu queimaduras graves nas mãos e no rosto.
Parte dos sindicatos defendia o voto em branco como alternativa a Le Pen, mas eleitores ouvidos pela reportagem preferiam Macron como uma opção pragmática.
A articulação dos sindicatos esbarra, no entanto, no apoio que Le Pen tem entre certas porções dos trabalhadores, que votaram nela no primeiro turno, no dia 23.
Le Pen convence operários no norte e no leste, onde o fechamento de fábricas contribuiu para a alta do desemprego, que está hoje em 10%.
A candidata prometeu, por exemplo, tentar impedir a transferência dos empregos para outros países europeus.
“Ela defende ideias que parecem próximas dos sindicatos”, diz Debay. “Mas é uma manipulação. Ela usa as nossas reivindicações.”
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira sugere que Macron vencerá a eleição deste domingo com 61% dos votos contra 39% de Le Pen. A sondagem, do instituto OpinionWay, foi feita de 28 a 30 de abril com 1.488 pessoas.
A margem de erro é de até 2,5 pontos percentuais. ELITE