Eleições gerais já
Neste momento tão rude e de exceção, precisamos pensar grande. Eleições gerais já. Que as urnas escolham um projeto para nosso país
Aqui neste espaço, há um ano, pedimos eleições diretas para a Presidência da República, com a certeza de que tal medida seria um enorme passo para colocarmos o país nos rumos da estabilidade institucional e democrática.
Na ocasião, inclusive, chegamos a apresentar uma proposta de emenda à Constituição com esse objetivo. Infelizmente, por fatores conjunturais que iam contra interesses pessoais e corporativos, a ideia não tomou fôlego e não prosperou. À época, afirmei em várias oportunidades que o país afundava numa areia movediça.
Logo em seguida veio a saída definitiva de Dilma Rousseff e a ascensão de Michel Temer ao Planalto. Em que pese o respeito que tenho às opiniões divergentes, sou obrigado a dizer que o impeachment foi um processo traumático para o histórico de nossa democracia. Até hoje sofremos sequelas incalculáveis para a vida política do país.
O maniqueísmo, as visões opostas e incompatíveis do bem e do mal que já julgávamos enterradas no período pós-redemocratização, afloraram de uma forma inconsequente. Nossa sociedade abortou o debate e o diálogo, o que só tende a servir aos que buscam o poder em benefício próprio.
Não surpreendeu a abertura de inquéritos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra senadores, deputados, ministros, governadores, ex-governadores, ex-presidentes da República. Era, na verdade, apenas uma questão de tempo.
O país não aguenta mais esse cenário desalentador. Já esgotou seu limite para suportar tantos casos de corrupção, propinas, caixa dois, fraudes, desvios, sonegações e lavagem de dinheiro que atingem a maioria das agremiações partidárias e renomadas corporações empresariais. E não sejamos ingênuos — essas mazelas estão em todas as esferas de poder.
Em paralelo a tudo isso, o governo federal quer aprovar as reformas previdenciária e trabalhista, sem o mínimo de discussão séria com o conjunto da sociedade.
O cerne da discussão é ignorado: o que está em jogo é a vida de milhões de brasileiros. É impossível ficar calado e aceitar, passivamente, que o trabalhador só se aposente com 70 ou 75 anos. Ou seja, quase na hora da morte. É muita crueldade.
O momento requer honestidade, mesmo que essa palavra não faça parte do dicionário da grande maioria dos membros da classe política brasileira. Não podemos agir como os avestruzes que escondem a cabeça no buraco, enquanto esperam a tempestade passar. Nossa tempestade não vai passar.
Esperamos e exigimos que a Justiça brasileira seja célere e investigue o quanto antes todos esses casos que estão postos. Comprovados os crimes, que seus autores paguem por eles na prisão.
O Brasil precisa passar por essas águas turvas e caudalosas, dizer um basta a todo esse caos institucionalizado e à corrupção que campeia solta nos poderes constituídos e no setor empresarial.
Só assim o país vai encontrar o seu rumo de crescimento e de desenvolvimento. Falta-nos, convenhamos, um projeto de nação.
Neste momento tão rude e de exceção para a vida nacional, é fundamental que as “canalhices” sejam deixadas à margem. Pensemos grande. Eleições gerais já. Que as urnas escolham o destino do Brasil. PAULO PAIM,
RICARDO C. SIQUEIRA
Corrupção É interessante o que podemos perceber após a leitura da reportagem “34% sentem vergonha de serem brasileiros, percentual recorde” (“Mercado”, 2/5). Em momentos turbulentos como este, o quadro de confiança do brasileiro no país cai muito. Isso reflete nitidamente o posicionamento do povo em relação ao governo vigente. O que nos resta é torcer pela diminuição da onda de pessimismo que nos cerca.
LUCAS CANDEIRA
Reforma trabalhista Se o governo Temer anuncia corte de cargos dos que foram infiéis em votação, isso significa que distribuiu cargos para fidelizar votações (“Temer demite indicados de infiéis que votaram contra a reforma trabalhista”, folha.com/no1880333). Ou seja, houve compra de votos. Que diferença há entre essa prática e a do mensalão?
TEREZA RODRIGUES
João Doria Nota-se, nestes poucos meses de governo, que Doria é avesso a qualquer tipo de crítica. Confunde “prefeito” com “perfeito”. Alguém precisa avisá-lo de que ele entendeu errado (“Doria enfrenta novo protesto de cicloativistas”, “Cotidiano”, 2/5).
NILSETE LIMA
Desequilíbrio ecológico
É lamentável a perda do grande cantor e compositor Belchior, um dos últimos grandes nomes do tempo em que existia uma vigorosa música popular brasileira. Os que ainda vivem e que eram do seu tempo há muito perderam a criatividade. Hoje só nos restam os Wesleys Safadões e as Anittas da vida. Que Deus nos ajude. Com ironia, por favor!
MARIA ELISA AMARAL
Dívida pública Nós arcamos com as maiores taxas de juros do mundo. Sabemos que a nossa dívida interna tem peso excessivo na economia em favor do sistema financeiro. Questiono o motivo de a Folha deixar de fora tão expressivo e importante gasto da projeção de gasto federal apresentada no editorial “Os sem-teto” (“Opinião”, 1º/5), que incluiu as categorias pessoal (R$ 283 bilhões), INSS (R$ 561 bilhões) e demais (R$ 440 bilhões). Certamente, com os serviços da dívida lastreados nos altíssimos juros ditados pelo próprio governo, o valor estaria acima de qualquer desses!
APARECIDO JOSÉ GOMES DA SILVA
NOTA DA REDAÇÃO - O editorial tratava do teto para os gastos não financeiros do governo, que não atinge, portanto, os encargos da dívida pública. As despesas com juros foram ilustradas em editorial de 21/4. Greve geral A coluna da ombudsman “A imprensa e a greve geral” (“Poder”, 2/5) foi excelente. A distorção na cobertura da greve ocorreu também na TV e no rádio. Faltou seriedade, sobrou manipulação da informação. A ombudsman tem razão e merece aplausos.
WAGNER MEMBRIBES BOSSI