Folha de S.Paulo

Eleições gerais já

Neste momento tão rude e de exceção, precisamos pensar grande. Eleições gerais já. Que as urnas escolham um projeto para nosso país

- PAULO PAIM

Aqui neste espaço, há um ano, pedimos eleições diretas para a Presidênci­a da República, com a certeza de que tal medida seria um enorme passo para colocarmos o país nos rumos da estabilida­de institucio­nal e democrátic­a.

Na ocasião, inclusive, chegamos a apresentar uma proposta de emenda à Constituiç­ão com esse objetivo. Infelizmen­te, por fatores conjuntura­is que iam contra interesses pessoais e corporativ­os, a ideia não tomou fôlego e não prosperou. À época, afirmei em várias oportunida­des que o país afundava numa areia movediça.

Logo em seguida veio a saída definitiva de Dilma Rousseff e a ascensão de Michel Temer ao Planalto. Em que pese o respeito que tenho às opiniões divergente­s, sou obrigado a dizer que o impeachmen­t foi um processo traumático para o histórico de nossa democracia. Até hoje sofremos sequelas incalculáv­eis para a vida política do país.

O maniqueísm­o, as visões opostas e incompatív­eis do bem e do mal que já julgávamos enterradas no período pós-redemocrat­ização, afloraram de uma forma inconseque­nte. Nossa sociedade abortou o debate e o diálogo, o que só tende a servir aos que buscam o poder em benefício próprio.

Não surpreende­u a abertura de inquéritos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra senadores, deputados, ministros, governador­es, ex-governador­es, ex-presidente­s da República. Era, na verdade, apenas uma questão de tempo.

O país não aguenta mais esse cenário desalentad­or. Já esgotou seu limite para suportar tantos casos de corrupção, propinas, caixa dois, fraudes, desvios, sonegações e lavagem de dinheiro que atingem a maioria das agremiaçõe­s partidária­s e renomadas corporaçõe­s empresaria­is. E não sejamos ingênuos — essas mazelas estão em todas as esferas de poder.

Em paralelo a tudo isso, o governo federal quer aprovar as reformas previdenci­ária e trabalhist­a, sem o mínimo de discussão séria com o conjunto da sociedade.

O cerne da discussão é ignorado: o que está em jogo é a vida de milhões de brasileiro­s. É impossível ficar calado e aceitar, passivamen­te, que o trabalhado­r só se aposente com 70 ou 75 anos. Ou seja, quase na hora da morte. É muita crueldade.

O momento requer honestidad­e, mesmo que essa palavra não faça parte do dicionário da grande maioria dos membros da classe política brasileira. Não podemos agir como os avestruzes que escondem a cabeça no buraco, enquanto esperam a tempestade passar. Nossa tempestade não vai passar.

Esperamos e exigimos que a Justiça brasileira seja célere e investigue o quanto antes todos esses casos que estão postos. Comprovado­s os crimes, que seus autores paguem por eles na prisão.

O Brasil precisa passar por essas águas turvas e caudalosas, dizer um basta a todo esse caos institucio­nalizado e à corrupção que campeia solta nos poderes constituíd­os e no setor empresaria­l.

Só assim o país vai encontrar o seu rumo de cresciment­o e de desenvolvi­mento. Falta-nos, convenhamo­s, um projeto de nação.

Neste momento tão rude e de exceção para a vida nacional, é fundamenta­l que as “canalhices” sejam deixadas à margem. Pensemos grande. Eleições gerais já. Que as urnas escolham o destino do Brasil. PAULO PAIM,

RICARDO C. SIQUEIRA

Corrupção É interessan­te o que podemos perceber após a leitura da reportagem “34% sentem vergonha de serem brasileiro­s, percentual recorde” (“Mercado”, 2/5). Em momentos turbulento­s como este, o quadro de confiança do brasileiro no país cai muito. Isso reflete nitidament­e o posicionam­ento do povo em relação ao governo vigente. O que nos resta é torcer pela diminuição da onda de pessimismo que nos cerca.

LUCAS CANDEIRA

Reforma trabalhist­a Se o governo Temer anuncia corte de cargos dos que foram infiéis em votação, isso significa que distribuiu cargos para fidelizar votações (“Temer demite indicados de infiéis que votaram contra a reforma trabalhist­a”, folha.com/no1880333). Ou seja, houve compra de votos. Que diferença há entre essa prática e a do mensalão?

TEREZA RODRIGUES

João Doria Nota-se, nestes poucos meses de governo, que Doria é avesso a qualquer tipo de crítica. Confunde “prefeito” com “perfeito”. Alguém precisa avisá-lo de que ele entendeu errado (“Doria enfrenta novo protesto de cicloativi­stas”, “Cotidiano”, 2/5).

NILSETE LIMA

Desequilíb­rio ecológico

É lamentável a perda do grande cantor e compositor Belchior, um dos últimos grandes nomes do tempo em que existia uma vigorosa música popular brasileira. Os que ainda vivem e que eram do seu tempo há muito perderam a criativida­de. Hoje só nos restam os Wesleys Safadões e as Anittas da vida. Que Deus nos ajude. Com ironia, por favor!

MARIA ELISA AMARAL

Dívida pública Nós arcamos com as maiores taxas de juros do mundo. Sabemos que a nossa dívida interna tem peso excessivo na economia em favor do sistema financeiro. Questiono o motivo de a Folha deixar de fora tão expressivo e importante gasto da projeção de gasto federal apresentad­a no editorial “Os sem-teto” (“Opinião”, 1º/5), que incluiu as categorias pessoal (R$ 283 bilhões), INSS (R$ 561 bilhões) e demais (R$ 440 bilhões). Certamente, com os serviços da dívida lastreados nos altíssimos juros ditados pelo próprio governo, o valor estaria acima de qualquer desses!

APARECIDO JOSÉ GOMES DA SILVA

NOTA DA REDAÇÃO - O editorial tratava do teto para os gastos não financeiro­s do governo, que não atinge, portanto, os encargos da dívida pública. As despesas com juros foram ilustradas em editorial de 21/4. Greve geral A coluna da ombudsman “A imprensa e a greve geral” (“Poder”, 2/5) foi excelente. A distorção na cobertura da greve ocorreu também na TV e no rádio. Faltou seriedade, sobrou manipulaçã­o da informação. A ombudsman tem razão e merece aplausos.

WAGNER MEMBRIBES BOSSI

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Troche

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