Masp na direção certa
O museu criou uma sólida estrutura de governança e sua gestão é dirigida de forma colegiada, o que afasta personalismos na condução
A reportagem “Masp na encruzilhada”, publicada no domingo (30) nesta Folha, induz o leitor a, erroneamente, acreditar que o museu vive um “dilema” e que estaria enfrentando sérios problemas de gestão.
Ao contrário, porém, do que o texto permite supor, o Masp criou uma sólida estrutura de governança e sua gestão é dirigida de forma colegiada, com várias instâncias de consulta, o que afasta personalismos na condução da instituição.
A administração está assentada em um novo e moderno estatuto, que ampliou os poderes de todos os órgãos, engajando seus participantes em diversos comitês criados para assessorar o conselho.
Por exemplo, toda a programação do museu é discutida no comitê artístico, formado pelos curadores e por membros da diretoria, e só então aprovada pelo conselho.
Além do mais, desde que assumimos a gestão, as prioridades foram claras: acertar as dívidas financeiras, trabalhistas e fiscais e solucionar a questão do prédio anexo, onde se dará a futura expansão do museu e que estava em disputa judicial.
Paralelamente, implementamos toda uma nova filosofia concernente à programação e à ação cultural.
Hoje o prédio compõe um ativo do museu, livre de ônus, e o Masp voltou a ter um superavit importante, o que só revela o acerto da estratégia. Menos da metade das nossas receitas depende de recursos públicos, como os da Lei Rouanet.
Para isso, alteramos o estatuto vigente e, assim, implementamos um fundo de endowment cuja meta é captar contribuições de pessoas físicas e jurídicas alinhadas com os objetivos do museu no longo prazo. Tal estratégia é inédita para uma instituição com esse perfil.
Com um bem-sucedido planejamento da programação, utilizamos de forma inteligente nosso acervo. Também retomamos os cavaletes de cristal criados por Lina Bo Bardi, agora parte da coleção permanente do museu.
Nestes três anos, o Masp multiplicou o número de mostras; publicou catálogos que acompanham as novas exposições; tratou de conservar, restaurar e expandir seu acervo; desenvolveu um amplo programa de mediação com oficinas, palestras e seminários; ofereceu bolsas de pesquisa, inéditas, a investigadores, jovens artistas e curadores.
Temos, ainda, um plano que inclui o aprimoramento de nosso acervo de arte brasileira, cujas lacunas tentamos suprimir por meio de doações e comodatos firmados nos últimos dois anos, graças à retomada da credibilidade do museu.
O aumento de público, observado na própria reportagem, não foi, portanto, mera obra do acaso; houve muito trabalho e dedicação da equipe curatorial e de funcionários sempre engajados em fazer o Masp reassumir sua proeminência cultural.
Neste cenário de ativa retomada soa, no mínimo, estranho definir a situação do Masp como “uma encruzilhada”. Estamos, sem dúvida, no caminho correto, e a gestão tem se mostrado segura e efetiva no sentido de conduzir as diretrizes perseguidas e já alcançadas nestes três anos.
A pluralidade de opiniões só engrandece o nosso debate. Contamos com diretoria e conselho compostos de representantes das mais diversas áreas de atuação. Ao mesmo tempo, procuramos criar um corpo de funcionários alinhado com o estilo e os objetivos da nova gestão —e, por isso, trocas foram necessárias.
Estamos cientes do desafio que é gerir essa instituição que detém o principal acervo de arte internacional do Hemisfério Sul e que conta com públicos tão variados. Os muitos gestos de apoio e reconhecimento, públicos e privados, que temos recebido só infundem a certeza de que estamos na direção certa. Apontar que o Masp passa por um dilema, neste contexto extraordinário de atuação e sucesso do museu, nos parece um erro de avaliação.
Seria desperdício olhar para as árvores e deixar de observar a floresta. A cultura de nosso país merece mais que isso, e é em nome dela que estamos mobilizados. ALFREDO SETUBAL HEITOR MARTINS ADRIANO PEDROSA
Conforme explicado, o problema parece ser sério, e não apenas “exagero” de pesquisador querendo levar vantagem alardeando desastre onde não existe problema real (“Avanço de coral na costa vira preocupação”, “Cotidiano”, 2/5). Fica claro também que não é um problema exclusivamente brasileiro. O que os demais países estão fazendo para resolver tão grave e emergente desastre ecológico?
JOÃO SILVA
Colunistas Soberbo exemplo de fina e genial ironia a coluna “Os injustiçados”, de Marcius Melhem (“Ilustrada”, 30/4). Façamos justiça, enfim, aos nossos sofridos e discriminados parlamentares; vamos à luta, que talvez seja inglória, mas, decerto, plenamente justa, a fim de igualá-los aos demais brasileiros. Ainda mais porque, não esqueçamos, nós os botamos lá. Justiça, afinal, à insigne classe dos parlamentares! Eles (com raras exceções) há muito se fazem mais do que merecedores.
ERALDO BARBOZA FERRO,
O Colégio Bandeirantes esclarece que a direção da instituição, que não foi procurada pela reportagem, se colocou à disposição dos alunos para falar sobre a greve. Durante o dia da paralisação, os estudantes puderam usar o espaço da escola normalmente, desde que não interferissem nas atividades daqueles que estavam assistindo às aulas. Diferentemente do publicado, o Bandeirantes abriu as portas ao debate tanto para alunos quanto para professores, sem represálias (“Depois de polêmica entre professores e alunos, escolas suspendem aulas em SP”, “Mercado”, 29/4).
MAURO DE SALLES AGUIAR, RESPOSTA DO JORNALISTA EDUARDO GERAQUE-
Como foi registrado pelo jornal, os alunos se reuniram do lado de fora na sexta-feira (28) para debater sobre a greve. Sem abertura para diálogo, professores favoráveis à paralisação trabalharam normalmente.