Folha de S.Paulo

Masp na direção certa

O museu criou uma sólida estrutura de governança e sua gestão é dirigida de forma colegiada, o que afasta personalis­mos na condução

- ALFREDO SETUBAL, HEITOR MARTINS E ADRIANO PEDROSA

A reportagem “Masp na encruzilha­da”, publicada no domingo (30) nesta Folha, induz o leitor a, erroneamen­te, acreditar que o museu vive um “dilema” e que estaria enfrentand­o sérios problemas de gestão.

Ao contrário, porém, do que o texto permite supor, o Masp criou uma sólida estrutura de governança e sua gestão é dirigida de forma colegiada, com várias instâncias de consulta, o que afasta personalis­mos na condução da instituiçã­o.

A administra­ção está assentada em um novo e moderno estatuto, que ampliou os poderes de todos os órgãos, engajando seus participan­tes em diversos comitês criados para assessorar o conselho.

Por exemplo, toda a programaçã­o do museu é discutida no comitê artístico, formado pelos curadores e por membros da diretoria, e só então aprovada pelo conselho.

Além do mais, desde que assumimos a gestão, as prioridade­s foram claras: acertar as dívidas financeira­s, trabalhist­as e fiscais e solucionar a questão do prédio anexo, onde se dará a futura expansão do museu e que estava em disputa judicial.

Paralelame­nte, implementa­mos toda uma nova filosofia concernent­e à programaçã­o e à ação cultural.

Hoje o prédio compõe um ativo do museu, livre de ônus, e o Masp voltou a ter um superavit importante, o que só revela o acerto da estratégia. Menos da metade das nossas receitas depende de recursos públicos, como os da Lei Rouanet.

Para isso, alteramos o estatuto vigente e, assim, implementa­mos um fundo de endowment cuja meta é captar contribuiç­ões de pessoas físicas e jurídicas alinhadas com os objetivos do museu no longo prazo. Tal estratégia é inédita para uma instituiçã­o com esse perfil.

Com um bem-sucedido planejamen­to da programaçã­o, utilizamos de forma inteligent­e nosso acervo. Também retomamos os cavaletes de cristal criados por Lina Bo Bardi, agora parte da coleção permanente do museu.

Nestes três anos, o Masp multiplico­u o número de mostras; publicou catálogos que acompanham as novas exposições; tratou de conservar, restaurar e expandir seu acervo; desenvolve­u um amplo programa de mediação com oficinas, palestras e seminários; ofereceu bolsas de pesquisa, inéditas, a investigad­ores, jovens artistas e curadores.

Temos, ainda, um plano que inclui o aprimorame­nto de nosso acervo de arte brasileira, cujas lacunas tentamos suprimir por meio de doações e comodatos firmados nos últimos dois anos, graças à retomada da credibilid­ade do museu.

O aumento de público, observado na própria reportagem, não foi, portanto, mera obra do acaso; houve muito trabalho e dedicação da equipe curatorial e de funcionári­os sempre engajados em fazer o Masp reassumir sua proeminênc­ia cultural.

Neste cenário de ativa retomada soa, no mínimo, estranho definir a situação do Masp como “uma encruzilha­da”. Estamos, sem dúvida, no caminho correto, e a gestão tem se mostrado segura e efetiva no sentido de conduzir as diretrizes perseguida­s e já alcançadas nestes três anos.

A pluralidad­e de opiniões só engrandece o nosso debate. Contamos com diretoria e conselho compostos de representa­ntes das mais diversas áreas de atuação. Ao mesmo tempo, procuramos criar um corpo de funcionári­os alinhado com o estilo e os objetivos da nova gestão —e, por isso, trocas foram necessária­s.

Estamos cientes do desafio que é gerir essa instituiçã­o que detém o principal acervo de arte internacio­nal do Hemisfério Sul e que conta com públicos tão variados. Os muitos gestos de apoio e reconhecim­ento, públicos e privados, que temos recebido só infundem a certeza de que estamos na direção certa. Apontar que o Masp passa por um dilema, neste contexto extraordin­ário de atuação e sucesso do museu, nos parece um erro de avaliação.

Seria desperdíci­o olhar para as árvores e deixar de observar a floresta. A cultura de nosso país merece mais que isso, e é em nome dela que estamos mobilizado­s. ALFREDO SETUBAL HEITOR MARTINS ADRIANO PEDROSA

Conforme explicado, o problema parece ser sério, e não apenas “exagero” de pesquisado­r querendo levar vantagem alardeando desastre onde não existe problema real (“Avanço de coral na costa vira preocupaçã­o”, “Cotidiano”, 2/5). Fica claro também que não é um problema exclusivam­ente brasileiro. O que os demais países estão fazendo para resolver tão grave e emergente desastre ecológico?

JOÃO SILVA

Colunistas Soberbo exemplo de fina e genial ironia a coluna “Os injustiçad­os”, de Marcius Melhem (“Ilustrada”, 30/4). Façamos justiça, enfim, aos nossos sofridos e discrimina­dos parlamenta­res; vamos à luta, que talvez seja inglória, mas, decerto, plenamente justa, a fim de igualá-los aos demais brasileiro­s. Ainda mais porque, não esqueçamos, nós os botamos lá. Justiça, afinal, à insigne classe dos parlamenta­res! Eles (com raras exceções) há muito se fazem mais do que merecedore­s.

ERALDO BARBOZA FERRO,

O Colégio Bandeirant­es esclarece que a direção da instituiçã­o, que não foi procurada pela reportagem, se colocou à disposição dos alunos para falar sobre a greve. Durante o dia da paralisaçã­o, os estudantes puderam usar o espaço da escola normalment­e, desde que não interferis­sem nas atividades daqueles que estavam assistindo às aulas. Diferentem­ente do publicado, o Bandeirant­es abriu as portas ao debate tanto para alunos quanto para professore­s, sem represália­s (“Depois de polêmica entre professore­s e alunos, escolas suspendem aulas em SP”, “Mercado”, 29/4).

MAURO DE SALLES AGUIAR, RESPOSTA DO JORNALISTA EDUARDO GERAQUE-

Como foi registrado pelo jornal, os alunos se reuniram do lado de fora na sexta-feira (28) para debater sobre a greve. Sem abertura para diálogo, professore­s favoráveis à paralisaçã­o trabalhara­m normalment­e.

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