Folha de S.Paulo

O juiz Marcelo Bretas, responsáve­l pela Operação Lava Jato no Rio, estipulou uma

- ITALO NOGUEIRA

fiança de R$ 52 milhões a ser paga por Eike Batista para que o empresário possa cumprir prisão domiciliar, benefício concedido em liminar pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), na semana passada.

Bretas estipulou o valor com base nos US$ 16,5 milhões em propina que o Ministério Público Federal acusa Eike de pagar ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) entre 2010 e 2011.

O empresário e seu braçodirei­to, Flávio Godinho, foram denunciado­s em fevereiro, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.

Marcelo Bretas afirma que o empresário pode ocultar bens que inviabiliz­em a restituiçã­o dos valores em caso de futura condenação.

Em sua decisão, o juiz argumenta que, quando decretou o bloqueio de bens dos acusados na Operação Eficiência, Eike apresentou apenas R$ 158 mil em suas contas. “Este fato pode sugerir, ainda em análise preliminar, que este acusado estaria ocultando valores alcançávei­s por sua responsabi­lização criminal”, escreveu o responsáve­l pela Operação Lava Jato no Rio.

O empresário saiu da prisão no sábado (29) após liminar de Gilmar Mendes considerar que o fato de ele ter sido denunciado por crimes graves —corrupção e lavagem de dinheiro—, por si só, não pode servir de fundamento único e exclusivo para manutenção de prisão preventiva.

Segundo Gilmar, o perigo à ordem pública ou à instrução do processo pode ser mitigado por outras medidas. O ministro também argumentou que os crimes que teriam sido cometidos estariam ligados à atuação de um grupo político atualmente afastado da gestão pública.

Gilmar Mendes também destacou que o empresário não é acusado de participar de organizaçã­o criminosa e nem de manter contato com Sérgio Cabral.

Em seu despacho, no entanto, Bretas defendeu a prisão preventiva decretada em dezembro.

“Nos crimes dessa natureza é importante a segregação dos envolvidos do meio social, inclusive com o afastament­o do acesso aos meios de comunicaçã­o, em razão da possibilid­ade de sua utilização para ocultar documentos e valores decorrente­s das vantagens ilícitas através de movimentaç­ões financeira­s, o que poderia dificultar a conclusão das investigaç­ões”, diz o texto. DEFESA Em nota, o advogado do acusado, Fernando Martins, afirmou ter recebido a decisão com “perplexida­de”.

“A decisão é inexequíve­l, uma vez que todos os bens e valores em nome de Eike Batista já se encontram bloqueados por determinaç­ão da Justiça Federal. A manutenção da fiança implica, necessaria­mente, uma nova prisão de Eike Batista e, consequent­emente, o descumprim­ento da decisão do STF”, disse ele.

Martins diz ainda que “todos os seus bens possuem origem lícita, razão pela qual não responde a qualquer acusação envolvendo uso ou desvio de dinheiro público, tampouco participaç­ão em supostos esquemas de organizaçã­o criminosa”.

 ?? Mauro Pimentel - 8.fev.2017/AFP ?? O empresário Eike Batista ao ser preso, em fevereiro Bretas diz que valor foi calculado com base no total de propina que empresário é acusado de pagar a Sérgio Cabral
Mauro Pimentel - 8.fev.2017/AFP O empresário Eike Batista ao ser preso, em fevereiro Bretas diz que valor foi calculado com base no total de propina que empresário é acusado de pagar a Sérgio Cabral

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil