Ida de Merkel à Rússia explicita divergências com o Kremlin
Ucrânia e homossexuais foram pontos sensíveis de encontro
Em rara visita à Rússia, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que Berlim e Moscou devem manter o diálogo, mas não conseguiu esconder as divergências com o presidente Vladimir Putin.
Na entrevista dos dois nesta terça (2) em Sochi, as diferenças apareceram em relação à Ucrânia, aos direitos humanos na Rússia e às acusações de que Moscou está interferindo em eleições de outros países.
“Sou da opinião de que, mesmo que haja visões bastante diferentes em alguns assuntos, as negociações devem continuar”, disse Merkel.
Questionada se temia uma interferência russa nas eleições parlamentares da Alemanha, por meio da divulgação de notícias falsas, Merkel disse que os alemães agirão com rigor se isso ocorrer. “Não sou uma pessoa ansiosa e vou disputar a eleição com base nas minhas convicções.”
Já Putin reagiu com indignação à sugestão de que a Rússia interfere nas eleições de outros países e disse que potências estrangeiras tentaram se intrometer-se na política russa muitas vezes.
Em relação ao conflito no leste da Ucrânia, onde separatistas pró-Moscou lutam contra o governo de Kiev, ambos defenderam a plena implementação do acordo de Minsk —tratado de paz atualmente paralisado.
Putin, porém, criticou a administração pró-ocidental em Kiev, dizendo que ela, e não a Rússia, estava forçando a região separatista a se afastar da Ucrânia, o que diverge da posição de Berlim.
Por fim, Merkel apresentou outro ponto sensível —a repressão aos protestos antiKremlin e questões de direitos humanos. “Temos ouvido relatos muito negativos sobre o tratamento dos homossexuais na Chechênia e pedi ao presidente Vladimir Putin que usasse sua influência para garantir os direitos das minorias na região.”