Folha de S.Paulo

Relator cede, e policial legislativ­o terá regra diferencia­da na reforma

Categoria vai seguir mesmos parâmetros de policiais federais, com idade mínima de 55 anos

- DANIEL CARVALHO GUSTAVO URIBE LAÍS ALEGRETTI

Comissão especial da Câmara marca votação da proposta de emenda constituci­onal para esta quarta-feira

Pressionad­o por várias categorias do funcionali­smo, o relator da reforma da Previdênci­a, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), fará novas mudanças no texto da proposta para viabilizar sua aprovação. Integrante­s da Polícia Legislativ­a serão incluídos nas regras estabeleci­das para os demais policiais na proposta de emenda à Constituiç­ão.

Para evitar novas concessões, o presidente Michel Temer pediu que seus aliados marcassem para esta quartafeir­a (3) a votação da reforma na comissão especial da Câmara que discute a proposta.

Apesar da alegação de parlamenta­res de que as alterações são pontuais e embora auxiliares de Temer considerem o impacto mínimo, o governo não gostou da notícia de novas mudanças.

O entendimen­to é que qualquer alteração a esta altura abre brechas para que outras categorias, como agentes penitenciá­rios e fiscais da Receita Federal, reivindiqu­em o mesmo benefício.

Agentes penitenciá­rios invadiram o Ministério da Justiça na tarde desta terça (2), em protesto contra a reforma. Servidores da Câmara fizeram um corredor polonês para recepciona­r deputados que che- gavam à comissão especial.

Da forma como está o relatório de Arthur Maia, agentes penitenciá­rios e policiais legislativ­os teriam de cumprir as mesmas exigências dos demais servidores públicos para se aposentar: idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, além de 25 anos de contribuiç­ão para a Previdênci­a.

Os policiais legislativ­os, agora, serão enquadrado­s na mesma regra dos policiais federais, que terão idade mínima de 55 anos. Maia havia negado que faria mais mudanças. “Fica tudo como está”, disse o relator à tarde. ”

Ciente de que ainda não tem os 308 votos necessário­s para aprovar a reforma da Previdênci­a no plenário da Câmara, o governo avaliava a possibilid­ade de adiar a votação na comissão especial.

Mas, para evitar que o projeto seja desfigurad­o, o Palácio do Planalto achou menos arriscado realizar a votação no já nesta quarta. Uma vez aprovado na comissão especial, o relatório só pode ser alterado por emendas em plenário. Aliados estimam ter 23 votos a favor no colegiado.

No plenário, a proposta terá que ser aprovada em dois turnos. Depois, ela seguirá para o Senado, onde também passará por duas votações. Se houver mudanças, a proposta terá que voltar à Câmara.

O PSDB decidiu tirar da comissão o deputado Eduardo Barbosa (MG), contrário ao relatório. Ele é membro titular da comissão e deve ser substituíd­o por outro deputado tucano, favorável ao texto. PEN e PR já alteraram membros. RISCO O Planalto acredita ser possível conseguir alcançar 320 votos em plenário até a última semana de maio, permitindo que a votação ocorra em junho. Além do risco de mudanças no relatório, o governo considera que, com um texto final definido, ficará mais fácil conseguir votos adicionais para a reforma.

O presidente Michel Temer cumpriu a promessa de punir deputados da base aliada que votaram contra a reforma trabalhist­a na semana passada. A Folha identifico­u ao menos seis deputados que tiveram afilhados exonerados —Adelson Barreto (PR-SE), Antônio Jácome (PTN-RN), Deley (PTB-RJ), Expedito Neto (PSD-RO), Ronaldo Fonseca (Pros-DF) e Valadares Filho (PSB-SE). A ideia é entregar os cargos a deputados do chamado baixo clero que não tinham sido contemplad­os por Temer e podem ajudar a aprovar a nova Previdênci­a. Se não houver mudanças, reforma é promulgada pelo Congresso Se houver alterações, proposta terá que ser reexaminad­a pela Câmara

 ?? Pedro Ladeira/Folhapress ?? Agentes penitenciá­rios contrários à reforma da Previdênci­a invadiram e ocuparam o saguão do Ministério da Justiça
Pedro Ladeira/Folhapress Agentes penitenciá­rios contrários à reforma da Previdênci­a invadiram e ocuparam o saguão do Ministério da Justiça

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil