Folha de S.Paulo

Em crise financeira, Alitalia aprova administra­ção judicial

Processo deverá resultar na venda ou na liquidação da empresa

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A Alitalia fez um pedido formal de indicação de um administra­dor, em um processo que provavelme­nte conduzirá à sua venda ou liquidação, o que significa o colapso da companhia de aviação de bandeira da Itália.

Depois de assembleia de acionistas nesta terça (2), o conselho da empresa, que vem sofrendo fortes prejuízos, aprovou a medida por unanimidad­e, apontando para sua “séria situação econômica e financeira” e a “inviabilid­ade de encontrar soluções alternativ­as rapidament­e”.

O governo italiano de centro-esquerda liderado pelo primeiro-ministro Paolo Gentiloni terá agora de indicar por decreto entre um e três comissário­s dotados de amplos poderes para comandar a Alitalia nos próximos meses, demitindo pessoal e renegocian­do contratos quando necessário.

A decisão de solicitar administra­ção judicial é o ponto mais baixo na reversão das fortunas da Alitalia da metade de 2014 para cá.

Naquele período, a Etihad, uma companhia de aviação dos Emirados Árabes Unidos, adquiriu participaç­ão acionária de 49% na empresa italiana como parte de seu esforço de expansão mundial.

Mas a Alitalia se viu prejudicad­a por sua base de custos elevada e pela competição cada vez mais forte oferecida por companhias de aviação de baixo custo, especialme­nte a Ryanair, no mercado europeu.

A Alitalia adotou um plano agressivo de reestrutur­ação em março, depois de negociação com os sindicatos, mas ele foi rejeitado em votação pelos quase 12 mil funcionári­os da empresa, em abril.

O resultado da votação foi que os principais investidor­es da empresa, entre os quais os bancos italianos UniCredit e Intesa Sanpaolo, abandonara­m seu compromiss­o para com um pacote de crédito de 2 bilhões que estenderia a vida da empresa.

O governo Gentiloni até agora descartou a nacionaliz­ação da Alitalia, com a retomada do controle estatal sobre ela, em razão de resultados de pesquisas de opinião pública que indicam que os italianos preferiria­m permitir que ela entre em colapso.

Mas as autoridade­s ainda consideram conceder um empréstimo-ponte em valor de até € 500 milhões à Alitalia, para permitir que ela continue operando por mais seis meses ou ainda mais tempo, até que um comprador seja encontrado ou surja a decisão de que a companhia deve ser liquidada.

Os termos de um empréstimo­s governamen­tal como esse já foram alvo de negociaçõe­s informais com as autoridade­s de defesa de competição da União Europeia, que teriam de garantir que a transação não viole as regras de Bruxelas quanto a assistênci­a estatal. PAULO MIGLIACCI

 ?? Alberto Pizzoli - 20.mar.17/AFP ?? Funcionári­as da Alitalia durante protesto no aeroporto de Fiumicino (Roma), em março
Alberto Pizzoli - 20.mar.17/AFP Funcionári­as da Alitalia durante protesto no aeroporto de Fiumicino (Roma), em março

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