LIVRO GANHA EM MAIO EDIÇÃO COMEMORATIVA
A Record, que publica a obra de García Márquez no país, lança neste mês uma edição especial do romance. Com tradução do jornalista e escritor Eric Nepomuceno, o livro terá capa dura e custará R$ 79,90 (432 págs.). 1965, quando começou a escrever “Cem Anos de Solidão”.
Estava tão convencido de que o livro seria um grande sucesso que entregou os últimos US$ 1.500 que havia recebido por um trabalho à mulher, Mercedes Barcha, e pediu que ela se virasse com aquele dinheiro para sustentar a família até que ele terminasse o romance. Disse que precisava só de 6 meses, mas acabou levando 18 até colocar o ponto final na obra.
Mercedes contraiu dívidas, pediu ajuda a amigos e, quase um ano depois, convenceu o dono do apartamento em que viviam no bairro de San Ángel, na Cidade do México, que ao fim de mais seis meses pagariam a imensa dívida de aluguel que tinham acumulado, mesmo sem ter ideia de onde sairia o dinheiro.
Até que o escritor recebeu, em 1966, a visita do crítico chileno Luis Harss, que então trabalhava num mapeamento da nova literatura da região.
Sem saber, Harss estava fazendo o que hoje é visto como o primeiro retrato do “boom latino-americano”. O resultado acabou sendo um clássico da crítica literária regional, “Los Nuestros” (Alfaguara), que reunia perfis de Gabo, Jorge Luis Borges, Juan Carlos Onetti e Vargas Llosa, entre outros.
Pois foi Harss que, numa visita a Buenos Aires, recomendou que o editor Francisco Porrúa, da Sudamericana, prestasse atenção naquele colombiano de Aracataca.
Porrúa escreveu, então, uma carta a Gabo, dizendo que gostaria de publicar um livro seu. O escritor se surpreendeu com o repentino interesse, mas disse que, infelizmente, não teria como tirar os títulos anteriores do controle do selo mexicano que os havia publicado.
Mencionou, porém, que estava trabalhando num novo livro. Porrúa disse que o esperaria, e enviou US$ 500 como adiantamento.
“Esse dinheiro como que caiu do céu, porque sanou todas as dívidas que Mercedes já não sabia mais como driblar”, conta Abello Banfi.
No dia de enviar a obra pelo correio, o casal topou com outra dificuldade: o que tinham no bolso não alcançava para mandar as 590 folhas datilografadas. Gabo não se alterou; dividiu o original em duas partes e mandou só uma, na esperança de conseguir um empréstimo nos dias seguintes. “A única coisa que falta agora é que o romance seja ruim”, disse Mercedes a Gabo.