Folha de S.Paulo

Fachin leva ação de Palocci a plenário do STF

Relator busca evitar Segunda Turma do tribunal, que tem decidido em favor da liberdade de presos preventivo­s

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Ministro negou habeas corpus ao petista na expectativ­a de que maioria do plenário siga seu entendimen­to

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), negou nesta quarta-feira (3) habeas corpus ao petista Antonio Palocci e repassou a decisão ao plenário da corte.

Com isso, ele tenta evitar a Segunda Turma do tribunal, na qual tem sido voto vencido sobre soltar ou não presos preventivo­s da Lava Jato. O regimento do STF permite que ele tome essa decisão.

Não há previsão ainda sobre a data do julgamento do caso pelo plenário.

Palocci está preso desde setembro do ano passado. Réu por lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa, é acusado de receber propina da Odebrecht para defender interesses do grupo.

Ao tirar o recurso da turma, Fachin joga a decisão para os 11 ministros, em uma aposta de que a maioria seja contrária ao habeas corpus.

Segundo a Folha apurou, o relator foi aconselhad­o por outros colegas a seguir esse caminho diante da expectativ­a de que possa reverter no plenário uma tendência da turma da qual faz parte, de soltar os presos preventivo­s.

Na última semana, esse colegiado acatou pedidos de liberdade provisória de três presos da Lava Jato: José Dir- ceu, José Carlos Bumlai e João Claudio Genu.

Além de Fachin, compõem a Segunda Turma Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowsk­i, que votaram pela liberdade de Dirceu, e Celso de Mello, que votou contra, como o relator. A outra turma é formada por Marco Aurélio Mello, Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. O plenário tem ainda a presidente Cármen Lúcia.

Em abril, Fachin já havia negado outro pedido de ha- beas corpus a Palocci.

A nova petição foi feita na semana passada, depois das decisões de soltar Bumlai e Genu. Ao negar o habeas corpus ao petista, Fachin disse que há “fundamenta­ção concreta quanto à prova da materialid­ade dos crimes e aos indícios de autoria”.

Em seu despacho, o ministro sustenta que Palocci, caso seja solto, pode “dissimular, desviar ou ocultar a origem” de supostos recursos depositado­s no exterior.

A manutenção da prisão do ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma Rousseff, escreve o relator, é importante diante da suspeita de que ele possa “dificultar a investigaç­ão”.

Em recente depoimento ao juiz Sergio Moro, que conduz a Lava Jato na primeira instância no Paraná, Palocci negou ter solicitado caixa dois à Odebrecht e disse que estava à disposição para apresentar “nomes, endereços e operações realizadas” de “interesse” da operação. (LETÍCIA CASADO)

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