Folha de S.Paulo

CNJ vai monitorar ações contra jornalista­s

Anúncio foi feito por Cármen Lúcia

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Depois de cerca de oito horas de sessão, a Comissão de Constituiç­ão e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (3) a chamada “admissibil­idade” da PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão) que dificultar­á radicalmen­te a existência de partidos nanicos e pequenos. Foram 37 votos a 14.

A “admissibil­idade” é, basicament­e, o reconhecim­ento de que a proposta é juridicame­nte correta e não fere a Constituiç­ão. Agora será montada uma comissão especial para analisar o mérito da PEC, último passo antes da votação em plenário.

O texto do projeto, já aprovado pelo Senado, estabelece uma cláusula de barreira que tem potencial para reduzir para mais da metade o atual número de legendas no país, hoje em 35 —pelo menos outros 50 estão em formação.

A medida, se entrar em vigor, atingirá siglas chamadas de “aluguel”, que existem basicament­e para negociar apoio no período de eleições, mas também legendas com certa plataforma programáti­ca e ideológica, como PSTU, PSOL, PV, PPS, PC do B e Solidaried­ade.

“Esse projeto é uma demasia, uma castração, é proibir os pequenos partidos que têm ideologia, conteúdo programáti­co e ético, de crescer. É injusto, é basicament­e injusto”, disse Chico Alencar (PSOL-RJ).

O projeto retira o dinheiro do fundo partidário, principal meio de financiame­nto das legendas, e o direito a estrutura legislativ­a e participaç­ão na propaganda na TV de partidos que não obtiverem, nas eleições para a Câmara em 2018 mínimo de 2% dos votos válidos em pelo menos 14 Estado. Nas eleições gerais seguintes, o piso nacional sobe para 3%.

Ou seja, embora não haja a extinção formal, essas siglas ficariam sem os seus principais mecanismos de existência. Com isso, o dinheiro do fundo tende a se concentrar nas maiores legendas, que terão uma fatia maior da que recebem hoje.

A proposta acaba também com a possibilid­ade de coligações de legendas para disputar as eleições e estabelece que parlamenta­res que se elegerem por siglas que não atingirem a cláusula podem migrar para grande partidos sem risco de perder o mandato por infidelida­de.

Uma saída para os nanicos e as pequenas siglas será se unir em federação, somando os votos recebidos para cumprir a exigência legal. Com isso, terão que atuar nos legislativ­os “com identidade política única, resguardad­a a autonomia estatutári­a dos partidos que a compõem”.

A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, anunciou nesta quarta (3) a instalação de uma comissão no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para monitorar processos envolvendo o trabalho de jornalista­s.

O órgão contará com conselheir­os do CNJ, além de representa­ntes de associaçõe­s de imprensa.

Com isso, segundo a presidente do STF, o conselho poderá examinar e dar prioridade aos problemas que dizem respeito ao Judiciário, além de verificar críticas e censuras judiciais ou processos que envolvam comunicado­res.

“Queremos saber quais são os problemas com uma Constituiç­ão que garante tão amplamente liberdades, inclusive a liberdade de imprensa, e com um texto que não necessita de grande intervençã­o para ser interpreta­do: é proibido qualquer tipo de censura”, disse Cármen Lúcia durante evento em Brasília sobre liberdade de imprensa.

“O Brasil não é país que garanta livremente a liberdade de jornalista. Quero apurar isso de uma forma até melhor”, afirmou.

O fórum foi criado pelo exministro Joaquim Barbosa, mas até hoje não havia sido implementa­do, disse a presidente do STF. (LETÍCIA CASADO)

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Antônio Augusto/Câmara dos Deputados Reunião da Comissão de Constituiç­ão e Justiça da Câmara que aprovou a emenda que cria a cláusula de barreira

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