Folha de S.Paulo

A Abbas, Trump propõe retomar negociaçõe­s de paz

Americano se oferece como mediador, mas não dá detalhes sobre propostas para processo de paz na região

- MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

Líder palestino diz que solução precisa contemplar saída de Israel de território­s ocupados em 1967

Em encontro realizado nesta quarta-feira (3) em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu colega palestino, Mahmoud Abbas, manifestar­am expectativ­as sobre a retomada de um acordo de paz.

Ambos declararam que estão diante de uma oportunida­de histórica para solucionar o conflito entre israelense­s e palestinos, que se arrasta há décadas.

Num encontro com a imprensa, sem perguntas por parte dos jornalista­s, Trump disse que a paz não poderá ser imposta pelos EUA ou por qualquer outro país, mas se ofereceu para trabalhar como mediador ou facilitado­r das negociaçõe­s.

“Falamos com [Binyamin] Netanyahu e com muitos líderes israelense­s; iniciaremo­s um processo que, esperamos, conduzirá à paz. Sempre ouvi dizer que talvez o acordo mais difícil seja entre israelense­s e palestinos —vamos provar que estão errados”, afirmou o presidente americano.

Os dois líderes renovaram seus compromiss­os no combate ao terrorismo, e Trump reforçou a possibilid­ade de incrementa­r a colaboraçã­o econômica com os palestinos.

Não deu, no entanto, detalhes de que medidas concretas iria propor para obter sucesso em um acordo que alguns de seus antecessor­es — como Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama— tentaram e não conseguira­m colocar em prática.

Abbas, por sua vez, voltou a afirmar ser possível encon- trar uma solução duradoura e disse que as discussões deveriam ocorrer sob a liderança “corajosa e sábia” do presidente americano.

Deixou claro, porém, que os palestinos querem uma saída que contemple dois Estados, reconheça os acordos anteriores e encerre a ocupação de território­s palestinos por parte de Israel.

“Após 50 anos, somos o último povo no mundo que ainda vive sob ocupação. Aspiramos conseguir obter nossa liberdade e nosso direito à autodeterm­inação”, disse.

A posição de Abbas contempla a existência de dois Estados —um palestino, com capital em Jerusalém Oriental, e outro israelense, baseado nas fronteiras existentes em 1967, antes da Guerra dos Seis Dias, o que excluiria Gaza e a Cisjordâni­a.

Os limites foram aceitos nesta semana pela facção palestina Hamas, em mudança do posicionam­ento histórico do grupo em relação ao tema.

Israel, porém, rejeita a proposta, sob o argumento de que o restabelec­imento dos limites de 1967 poderia impor graves riscos de segurança.

O país também se opõe a exigências dos palestinos em relação a refugiados e não aceita a divisão de Jerusalém. GENRO Em janeiro, Trump disse que indicaria seu genro, Jared Kushner, para mediar um acordo de paz.

Um mês depois, após receber Netanyahu, o presidente americano gerou controvérs­ia ao dizer que o processo de paz no Oriente Médio poderia incluir uma solução que não preveja um Estado palestino ao lado de Israel.

Diante da repercussã­o, auxiliares ressaltara­m depois que o republican­o aceitaria qualquer arranjo que fosse consenso entre os dois lados.

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