Ação de Renan no Senado atrasa reforma trabalhista
Projeto aprovado na Câmara terá que ser analisado por mais uma comissão
Expectativa do governo era ver a lei aprovada em um mês, mas agora a previsão é de dois meses para votação
Um acordo que contou com a articulação de Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do PMDB no Senado, atrasará em pelo menos um mês a votação da reforma trabalhista no plenário da Casa.
Vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) reviu sua previsão inicial e disse nesta quarta (4) que a tramitação levará “de 45 a 60 dias” após a inclusão de mais um colegiado para a discussão da pauta. A conta inicial do governo Michel Temer era que o texto fosse aprovado em até 30 dias.
A declaração de Cunha Lima ocorreu horas após o presidente do Casa, Eunicio Oliveira (PMDB-CE) —em licença médica—, autorizar acordo com a oposição a Temer para que a reforma passasse, sem regime de urgência, também pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), além da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e da CAS (Comissão de Assuntos Sociais).
“Vamos ter 45 a 60 dias. Vai começar na CAE, com duas audiências públicas em conjunto com a CAS, isso leva duas semanas. Na sequência, segue para a CCJ e, por fim, chega à CAS para votação em plenário”, disse Cunha Lima.
Inicialmente, líderes do Senado decidiram, em reunião sem Renan na terça-feira (3), que a reforma passaria apenas pela CAE e pela CAS, para acelerar a tramitação do texto.
O peemedebista, porém, atuou para que a reforma tramitasse também pela CCJ, presidida pelo senador Edison Lobão (PMDB-MA), seu aliado. A medida representa um risco ao governo, visto que o relator no colegiado para a proposta será indicado com influência do atual líder do PMDB, publicamente contrário às reformas trabalhista e da Previdência.
A posição de Renan fez com que o Planalto avaliasse que sua situação como líder do PMDB no Senado chegou a um “nível insustentável”, segundo um aliado de Temer.
Na avaliação de auxiliares do presidente, o quadro chegou ao limite após o discurso do peemedebista contra a reforma trabalhista, na semana passada, somado à atuação do senador para que a proposta passe por mais uma comissão no Senado, sem regime de urgência, atrasando, assim, a tramitação do texto.
No fim da manhã desta quarta, Renan se reuniu com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e disse que era fundamental que a reforma trabalhista passasse pela CCJ.
Pouco depois, Cássio Cunha Lima telefonou ao senador Radolfe Rodrigues (RedeAP) e sugeriu o acordo: a reforma trabalhista passaria por CCJ, CAS e CAE, desde que a oposição desistisse de votar requerimentos em plenário para que, além da CCJ, fosse incluída a Comissão de Direitos Humanos. Randolfe conversou com Renan e senadores do PT, que sinalizaram aceitar a proposta de três comissões, não quatro.
“O papel do Renan tem sido assegurar que o rolo compressor do governo enganche”, disse Randolfe. LIDERANÇA DO PMDB