Folha de S.Paulo

Fed mantém os juros nos EUA, mas sinaliza elevação em junho

- DANIELLE BRANT DA REUTERS DE SÃO PAULO

DE SÃO PAULO

A inadimplên­cia sob controle e o cenário de menor risco com a retomada da economia abriram espaço para que os maiores bancos privados do país diminuísse­m suas reservas contra calotes de clientes e melhorasse­m seus resultados no primeiro trimestre.

Essa provisão menor contra os chamados créditos de liquidação duvidosa —os calotes, na prática— foi vista nos balanços do Itaú Unibanco, do Bradesco e do Santander.

A maior queda em relação ao quarto trimestre, comparação que reflete melhor a trajetória dessas provisões, se deu no Bradesco, com recuo de 12%, para R$ 4,86 bilhões. No Santander, as despesas caíram 9,9%, a R$ 3,05 bilhões. E no Itaú tiveram queda de 7,4%, a R$ 5,39 bilhões.

A reserva menor resultou de uma melhora na classifica­ção de risco dos clientes do bancos e também da opção das instituiçõ­es por aumentar as concessões de linhas com mais garantias, como crédito consignado e imobiliári­o, diz Felipe Silveira, analista da corretora Coinvalore­s.

“O efeito de reclassifi­cação visto mais no ano passado e o vencimento de crédito que faz os empréstimo­s mais arriscados saírem da carteira devem fazer o bancos precisarem de menos provisões para os novos créditos”, diz. CONSERVADO­RES O prolongame­nto da recessão levou as instituiçõ­es a adotar provisões mais conservado­ras no ano passado, com o temor de que uma explosão da inadimplên­cia no país atingisse suas atividades. Essa cautela maior impactou os balanços dos últimos trimestres.

A reversão desse cenário deve levar a resultados melhores nos próximos meses, diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating. “Os bancos fizeram provisões acima do que era exigido e criaram um colchão. Se isso não se materializ­a, se o que estavam esperando não acontece, a provisão tende a diminuir.”

Em nota, o Itaú Unibanco disse que fez movimentos para aumentar provisões de algumas exposições, em linha com o cenário econômico.

“Em 2017, vamos provavelme­nte assistir a uma redução no volume de provisões a serem feitas, pois já fizemos bom volume de provisões com caráter antecipató­rio e também porque esperamos ter menores perdas de crédito à frente”, afirmou o banco.

O Bradesco, na divulgação do resultado, indicou que suas provisões estavam altas e que a retomada da economia faria essas reservas se normalizar­em. A taxa de inadimplên­cia do Bradesco aumentou no primeiro trimestre por causa de uma grande empresa, que não foi identifica­da.

Já Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil, disse ao divulgar os resultados do banco que a queda na provisão era fruto da gestão de risco iniciada em 2015 e do reconhecim­ento de prejuízos associados a uma grande empresa, que não foi identifica­da.

A expectativ­a dos analistas é que a retomada da economia ajude a conter ainda mais a inadimplên­cia e exija reservas menores dos bancos. “A gente espera que, para 2017, não tenha a fase dura de 2016 e 2015, quando havia muita recuperaçã­o judicial e grandes empresas quebrando”, afirma Santacreu.

O Fed (Federal Reserve), o banco central dos EUA, manteve inalterada a taxa de juros nesta quarta-feira (3) entre 0,75% e 1%, mas relativizo­u o cresciment­o econômico fraco no primeiro trimestre e enfatizou a força do mercado de trabalho, em um sinal de que pode apertar a política monetária já em junho.

No Brasil, o dólar comercial, após oscilar durante a sessão à espera da decisão do Fed, subiu 0,15%, para R$ 3,159. O dólar à vista, que fecha mais cedo, recuou 0,62%, para R$ 3,150.

A Bolsa caiu 0,94%, em meio à indefiniçã­o sobre a votação da Previdênci­a.

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