Folha de S.Paulo

Pré-sal terá leilões no regime de concessão

ANP quer atrair mais empresas, pois modelo não impõe participaç­ão estatal e é mais bem-visto pelas petroleira­s de fora

- NICOLA PAMPLONA

Áreas estão no limite exterior do chamado polígono do pré-sal, que é restrito à partilha, instituída pelo PT

Pela primeira vez em 11 anos, o governo vai leiloar blocos com potencial de reservas no pré-sal sob o regime de concessão, que não impõe participaç­ão estatal no contrato. As áreas fazem parte da lista de oferta da 14ª rodada de licitações da ANP, prevista para o segundo semestre.

Desde 2006, só uma área com potencial no pré-sal foi leiloada, mas pelo regime de partilha da produção, no qual a União tem direito a uma parte do petróleo produzido e pode influencia­r nas decisões de investimen­to. Foi a área de Libra, arrematada por R$ 15 bilhões por um consórcio liderado pela Petrobras.

Na lista de ofertas da 14ª rodada, há seis áreas na bacia de Campos que estão no limite exterior do chamado polígono do pré-sal, instituído em 2010 e restrito à partilha de produção. Nelas, a ANP identifica 11 estruturas subterrâne­as que podem conter reservatór­ios do pré-sal.

A agência estima que possa haver 13 bilhões de barris de petróleo nas áreas —consideran­do que, em média, 30% podem ser produzidos, as reservas seriam de 4 bilhões de barris, o equivalent­e a 1/3 das reservas brasileira­s atuais.

“Essas áreas chegaram a ser sugeridas no passado, mas o governo não aprovou [sua inclusão nos leilões]”, afirmou o diretor-geral da ANP, Decio Oddone.

Segundo ele, o objetivo da inclusão é atrair mais empresas para a 14ª rodada.

Os contratos de concessão são mais bem-vistos pelas grandes petroleira­s internacio­nais, por não imporem interferên­cia dos governos. Neles, o Estado é compensado com o pagamento de royalties e participaç­ões especiais sobre a produção.

São assim todos os contratos vigentes no país, à exceção de Libra. Ainda neste ano, o governo leiloará oito novas áreas sob o regime de partilha da produção, todas no polígono do pré-sal.

A oferta de áreas do pré-sal sob regime de concessão reforça a mudança de direção no setor de petróleo.

“No nosso ponto de vista, é muito mais importante licitar logo”, disse Oddone. Ele argumentou que a transferên­cia de renda ao Estado via royalties também é relevante nas concessões.

Em 2007, a ANP chegou a anunciar leilão com áreas do pré-sal, mas elas foram retiradas às vésperas da disputa pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, sob a justificat­iva de que o modelo precisaria ser revisto para melhorar os ganhos do país com a produção das reservas gigantes.

No leilão de 2006, antes da confirmaçã­o do pré-sal, houve farta oferta de áreas na região hoje conhecida como polígono do pré-sal. A disputa, no entanto, foi suspensa por liminar judicial e os contratos nunca foram assinados.

Algumas dessas áreas serão leiloadas neste ano nas duas rodadas do pré-sal marcadas para 27 de outubro.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil