Folha de S.Paulo

Casa é pátio para diversidad­e cultural de refugiados

- MARIE JEANNE BRALLION CALASANS - Nesta quinta (4), às 20h, na Paróquia Nossa Sra. da Saúde, r. Domingos de Morais, 2.387, Vila Mariana. AGOSTINHO DE SIQUEIRA PENTEADO - Neste sábado (6), às 16h, na Paróquia Imaculado Coração de Maria, r. Jaguaribe, 735, V

Do lado de fora, o Al Janiah é mesmo como uma casa árabe: discreta. São a fila e o som da música por cima dos muros que identifica­m sua entrada. Cada um ganha uma comanda com um nome (o seu próprio) escrito nesse idioma em um pedaço de papel.

O sotaque que paira é aquele familiar de empórios e restaurant­es que são patrimônio gastronômi­co da região da rua 25 de Março.

Temos a certeza de que o Al Janiah é uma casa árabe —para ser mais exato, palestina— quando vemos a bandeira com um grande triângulo vermelho rodeada de listras preta, branca e verde.

E como toda casa árabe que se preze, tem um belo pátio do lado de fora. Nesta mistura de bar e centro cultural, é onde acontecem apresentaç­ões musicais.

Pátios —que às vezes têm belas fontes e jardins— são comuns nas residência­s do mundo árabe. Síria, Líbano e Palestina podem exibir exemplos dessas construçõe­s. É neste espaço que as famílias se encontram para tomar café, almoçar, fumar narguilé e conversar.

Como uma extensão dessa cultura da comunhão, no caso do Al Janiah, os encontros se dão entre paulistano­s, árabes, palestinos e com imigrantes e refugiados de outras origens, como africanos, que se reúnem ali para ouvir e tocar música, beber drinques, comer e conversar. Também acontecem ali cursos, debates e oficinas de diversas tradições.

O assunto, não raro, toca o campo de imigrantes e refugiados e vira um pátio para troca de cultura. O nome da casa, aliás, Al Janiah, lembra uma aldeia da Cisjordâni­a, território parcialmen­te ocupado por Israel desde 1967.

O cardápio do Al Janiah traz elementos clássicos da cozinha árabe. São receitas às quais já estamos familiariz­ados em São Paulo. Entre elas, tabule, coalhada, falafel, cafta, quibe.

Mas com algumas surpresas aqui e ali. Como o forno saj, uma chapa arredondad­a em que se preparam pães. Fora isso, vale experiment­ar o homus com pedaços de carne e castanha-de-caju, não tão comum por estas bandas.

E também o Palestina Libre, um drinque com araque (destilado de anis), cachaça, limão, pimenta e zaatar.

 ?? Gabriel Quintão/UOL ?? Clientes conversam no centro cultural, que fica no Bexiga
Gabriel Quintão/UOL Clientes conversam no centro cultural, que fica no Bexiga

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil