Prefeitura baiana exige fraldas em animais e habilitação para carroceiro
Cavalos poderão ser apreendidos em Vitória da Conquista se regras foram descumpridas
COLABORAÇÃO PARA A EM VITÓRIA DA CONQUISTA (BA)
Após sete anos de trabalho carregando todo tipo de carga e já próximo de ser aposentado, o cavalo Tortilho terá de usar fraldas por determinação da Prefeitura de Vitória da Conquista (BA).
O equino é um dos pouco mais de mil animais que puxam veículos de tração na terceira maior cidade do Estado e que, a partir da segunda quinzena de maio, só poderão andar de “fraldão”, sob o risco de serem apreendidos.
Com esta medida, Vitória da Conquista segue o exemplo de outras cidades turísticas brasileiras. Em Arraial d’Ajuda, distrito de Porto Seguro, cavalos usam fraldas há mais de dez anos, assim como em Paquetá e Petrópolis, ambas no Rio de Janeiro.
A novidade na cidade baiana foi anunciada recentemente pela administração local, que é comandada pelo radialista Herzem Gusmão (PMDB). Ele venceu a última eleição municipal, rompendo a hegemonia de 20 anos de gestão petista, a mais longeva do partido no Brasil.
Além dos cavalos, os carroceiros também terão de se adaptar a novas regras, como ter carteira de habilitação para conduzir a carroça, a qual terá de estar licenciada e em- placada, como de praxe para qualquer outro veículo.
De acordo com a prefeitura, as medidas relativas aos carroceiros, seus veículos e os bichos são para fazer valer uma lei de 2008 que visa ordenar o trânsito de veículos de tração animal.
A gestão do PMDB afirma que a lei vinha sendo respeitada em parte pela gestão petista —foram colocadas placas apenas nas 50 carroças que complementam o serviço de coleta de lixo.
A prefeitura informou que dará curso de oito horas de noções básicas de trânsito para os carroceiros e depois a habilitação, sem custos — menores de 18 anos não poderão ser habilitados.
Em seguida, a administração Brito dos Santos, 45, que todos os dias percorre as ruas centrais da cidade, considera que as novas determinações estão exageradas.
“Esse fraldão, qual é o animal que vai deixar botar? E para a gente, que fica em cima da carroça, vai ter de aguentar o fedor até chegar num lugar pra jogar fora?”
Moradores questionam essa interferência da prefeitura na atividade dos carroceiros.
“Se fosse uma coisa para gerar renda, ainda vai. Mas isso aí só vai trazer prejuízo. Imagine quantas fraldas serão usadas por dia e o custo delas”, afirmou o feirante Edvaldo Moraes Chaves Filho, 40.
“O que a cidade precisa mesmo é de segurança, de melhorias no transporte público, de tapar os buracos nas ruas. As carroças são um problema bem secundário”, opinou o vendedor de pastel e caldo de cana José Antônio Rodrigues Mendes, 51.